segunda-feira, 28 de setembro de 2009

oi

eu curto o que eles fazem, saca. acho o máximo mesmo, às vezes até perco meu tempo imaginando como seria se fosse eu no lugar e tal. quase o tempo todo, na real. naquela coisa de não ter o que pensar e ficar nesse delírio juvenil de se pôr no lugar de quem a gente curte, como se tivesse aqueles poderes de filme b e desenho animado de trocar de lugar, fazer brotar coisas do nada, essas coisas assim.

mas sei lá, é todo mundo tão idiota na real. ficam aí pagando pau pra uns malucos babacas, num misto de vergonha alheia e decepção. ficam falando umas merdas absurdas e se achando os fodões engraçadões. pior que se fosse eu, taria fazendo o mesmo, se pá. ou não também, sei lá. às vezes prefiro minha vida sem talentos mesmo. sem expectativas, sem cobranças. não quero ser o cara mais engraçado, o músico revolucionário, o poeta à frente do meu tempo, o escritor de clássicos da literatura nem nada. tá, ainda quero ser o john hartson, mas o futebol tá em outro plano por enquanto. só quero fazer por fazer, quando minha vagabundice deixar. vai ver tô ficando meio indie demais, mas foda-se. agora eu sei que eu curto o que eles fazem, mas não quero ser igual a eles. idiota por idiota, prefiro minha própria idiotice, mesmo que eles façam coisas mais legais.

Fodam se os críticos ou "A chinesa" do Godard


não que eu os ignore ou ache que eles devam cometer suícidio intelectual coletivo à la jonestown. inclusive, muito da minha crítica aos críticos em geral se deve a minha incapacidade mental de me incluir em seu seleto grupo. nunca tive talento para expor meus argumentos de por que gosto ou não gosto de tal coisa. até acho que o trabalho dos mesmos é essencial para a arte e cultura, portanto não tomem o título ao pé da letra, é só uma hiperbole chocante para atrair a vossa atenção. leio muitas críticas, principalmente de críticos que ODEIO, justamente para ler/ouvir/assistir a tudo que eles falam mal, usando a minha querídissima e eterna inspiração Isabela Boscov (L)(L)(L) como exemplo.

mas e dai vem a questão: que porra tá fazendo o nome de um filme no título do post se tu não vai falar dele?? ahááá! quem disse que para falar de um filme preciso fazer uma crítica, apontando seus erros e acertos como se eu fosse grandes coisas?

a escolha do filme em questão não é mera coincidência (sério?!?!) e muito menos o título em que ele figura. escolhi o filme por que, obviamente, ele teve um impacto sobre mim, seja ele qual for, mas também por que foi feito por um dos intocáveis do cinema, aquele que talvez seja o mais aclamado pelos críticos ao redor do mundo, nosso bom e velho amigo Jean-Luc Godard.

PQP, mais um chatopracaralho vindo falar desse porra desse Godard??!?!?!

essa seria a minha reação se eu estivesse do lado de vocês nesse momento. maaas existe uma questão que quero explorar rapidinho. como eu disse antes, não consigo expor minhas razões do por que gostei ou não de algo, mas se gosto profundamente, gosto de saber a opinião dos outros também. e pra onde que posso me voltar quando quero saber uma opinião concisa e fundada sobre algo artístico? pra crítica né! e lá vai google atrás de resenhas e mais resenhas sobre "a chinesa".

juro, cheguei a encontrar textos de 50 mil caracteres até, explorando mil e um significados, referências, conceitos escondidos e o caralho a quatro, nenhum deles chegando perto do que o filme realmente significou pra mim. e o que ele significou pra mim?

exatamente esse desprendimento de uma possibilidade real de crítica concisa e fundada. a experiência que o filme nos propõe não é a de uma análise sobre a obra em si, mas sim a de uma participação ativa na construção do mesmo. se tu gostar, tu vai montar o filme por ti mesmo, se não, vai dormir, sem dúvida.

por isso que não se pode falar do filme propriamente, pois o filme como obra fechada não existe.

além disso, agora rapidinho só pra finalizar linkando com o título, "a chinesa" do Godard (ele mesmo crítico de cinema antes de virar cineasta) é para mim a sua verdadeira crítica. nele são postas de maneira quase didática, todas as questões que percorrem o campo do cinema, como montagem, som, atuação e etc. é o cinema falando do cinema com o cinema. e, para fechar sua obra cinematográfica na forma de crítica, Godard aponta todas as contradições dessa classe de jovens intelectuais franceses (na qual ele mesmo se incluía) que, alguns meses depois, iria para as ruas no famigerado Maio de 68.

acho que a "a chinesa" conseguiu por em prática tudo o que sempre pensei sobre arte e crítica de arte numa obra que pode ser considerada anti-arte. e no fim das contas, já vale assistir só pelo prazer estético merrmo.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Antropofagia e Resistência

parei pra pensar esses dias o que é a cultura brasileira e o que ela significa para mim. sempre pensei nessa expressão "cultura brasileira" como algo externo a mim, distante e sem nenhuma relevância. por eu ter crescido em um mundo "globalizado" (expressão essa que agora desprezo completamente), me sentia inserido no que pode ser tomado como uma cultura jovem geral, mundial.

para mim, essa busca pelas raízes do seu próprio povo sempre soou chata e retrógrada, primeiro por que eu realmente não sentia nenhum tipo de identificação pelas manifestações artísticas dos confins de um país do qual eu nunca vivi. é uma espécie de resistência preconceituosa, porém nem um pouco infundada, visto que meu contato diário com isso que se habituou de ser chamado de cultura brasileira era zero.

porém, foi ai que comecei a pensar. uma das minhas principais características quando penso, é justamente uma resistência quanto ao que me falam que devo gostar. tu tem que gostar de chico buarque. foda-se, não conheço e não gosto, ponto final. tu tem que te identificar com a cultura brasileira. foda-se, não conheço e não gosto, ponto final.

no caso do chico buarque é fácil fazer isso (não que eu goste ou não goste, é só um exemplo), pois o chico buarque tá ali, tem os discos e a pessoa, tudo exatamente no seu lugar. mas e no caso da cultura brasileira, que é um conceito amplo e totalmente interpretativo? eu sei que a minha resistência vêm do que o senso-comum se habituou a chamar de cultura brasileira, ou seja, paradas quase sempre de caráter rural, folclórico e que dificilmente me dizem alguma coisa. mas, como eu disse, isso é condicionado pelo senso comum, e, se existe uma palavra em que o senso comum nunca pode ser levado em consideração, é cultura. primeiro pela sua própria definição, que desafio qualquer um dos que lerem esse texto darem uma convincente da ponta da língua. e segundo, pela própria substância expressiva do conceito como um todo, que é a arte basicamente, por natureza externa ao senso comum.

a partir dessas minhas divagações, eu comecei a tentar estabelecer o que, para mim, seria o conceito de cultura brasileira. claro que tive por motivação um maior contato com produções artísticas brasileiras, principalmente a tropicália, mas essa pode ser uma discussão que abrange grande parte das coisas que penso no momento. é um bom exercício reflexivo.
mas então, depois de definir que o meu conceito de cultura brasileira (rural, nordestina papapapa) era fruto do senso comum, decidi buscar dentro do brasil, aquilo que corresponde aos meus interesses culturais, ou seja, algo urbano, marginal, subversivo, inteligente, moderno. e porra, te digo que o brasil corresponde de maneira surpreendentemente positiva nesses aspectos culturais.

primeiro lugar, no brasil existe algo, produto do homem ao pensar em si mesmo, portanto cultura, um conceito que provavelmente é familiar a todos que leem esse singelo blog, que é a antropofagia. dificilmente em algum outro lugar do mundo (não sei, não estudei) existe um conceito cultural tão conciso em si mesmo, e que reflita tào bem as características inerentes tanto ao povo em si, como a sua relação com o exterior. a antropofagia proposta pelo oswald de andrade pode ser vista como uma verdadeiro leitmotiv para toda a produçào cultural relevante que se instaurou no brasil depois dele. nele, se pode notar duas preocupações do povo brasileiro em geral, que provavelmente todos temos dentro de nós. a primeira é a nossa insistência de nos sentirmos inferiores a tudo que vêm de fora, nos sentindo incapazes de produzir algo verdadeiramente brasileiro, porém de qualidade superior aos produtos europeus ou norte-americanos. e a segunda é a nossa habilidade em transformar situações adversas em propícias, através de uma criatividade quase subversiva, o chamado "jeitinho brasileiro".

ora, e o que oswald nos propõe no manifesto antropofágico? já que não temos auto-estima suficiente para produzir algo por nós mesmos, vamos comer tudo que os gringos produzem e, usando o nosso famigerado jeitinho brasileiro, vomitar tudo, levando em conta todas as provações e dificuldades misturadas de uma maneira que ninguém vai perceber mesmo, como somos especialistas. pronto, as cartas tão na mesa. é só saber quais usar pra fazer teu jogo.
e realmente, a partir do manifesto antropofágico, todos aqueles que foram inteligentes o suficiente para produzir obras de impacto cultural profundo, se utilizaram dos métodos propostos pelo oswald. bossa nova, tropicália, mangue beat, só pra ficar na música.

então tá, primeiro problema resolvido. cultura brasileira antropofágica OK

mas o que me levou a escrever esse texto não se resumia apenas a cultura antropofágica, mas também a um outro aspecto que eu chamei de cultura de resistência. como todos sabem, o brasil sofre um golpe militar e por 20 anos viveu sob uma ditadura pesada. essa ditadura, agora observando de longe, acabou por ser responsável por uma série de manifestações culturais subversivas por excelência (já que cultura implica pensamento e pensamento implica perigo para uma ditadura) que acabaram por se cristalizar justamente por terem sido criadas sob um regime repressivo.

mas eu acho que essa cultura de resistência, além de ter criado e cristalizado manifestações culturais de extrema importância, ela assumiu um papel também de consciência coletiva, uma clima, um momento que pairava no ar. essa consciência coletiva que os jovens brasileiros da época compartilhavam pode ser vista por um aspecto diferente da cultura, a parte da própria arte em si, que é o aspecto de transmissão de costumes de pais para filhos. antigamente isso vinha na forma de folclore, rituais, religião e etc. para mim (e acredito que para muitos de vocês) veio na forma dessa cultura de resistência, esse afã de questionar o que é estabelecido, essa crítica eterna a quem está por cima, aliados sempre com as características do povo brasileiro.

esse tipo de pensamento sendo transmitido quase que de forma espontânea pelos nossos pais, acaba por tomar proporções de verdade absoluta, assim como acontecia com os rituais em tempos idos. esse tempo, que podia ser confundido com história, se torna cultura principalmente pelo impacto que teve na vida justamente de nossos pais, que nos transmitem essa experiência como cultural. claro que isso no caso de pais urbanos, como sempre foram os meus.

e foram nesses dois pontos que eu consegui encontrar uma identificação extrema para o meu problema de falta de contato com a cultura nacional. foi um exercício pessoal, que pode não se aplicar a vocês, mas como isso sempre foi algo que me incomodou (pq ninguém gosta de ficar se apoiando na cultura dos outros né) eu me vi na obrigação de achar pontos de contato entre o meu país e a minha vida. acho que consegui. e agora posso bradar a plenos pulmões que sou verdadeiro fã dessa cultura nacional, a minha cultura brasileira antropofágica de resistência.

Lixo no shopping


O Sonic Youth vai tocar na capital. O patrocinador quer uma sede só. Quem sabe, sua sede é só por divulgação, a cultura que se foda...

Como moro fora do “eixo do rock” no Brasil, tomei o transporte coletivo de Porto Alegre indicado por Josef e fui comprar a dose de rock gringo do ano. Era um shopping bonito, tudo verde aconchegante, banheiros automáticos (eles se molham, te molham e te secam pra agradar... fazem tudo só por aproximação). Um lugar quase perfeito.

Existem as lojas.

Existe um bairro pobre há pouco tempo do lindo BarraShop. Boatos correm que os pobres são expulsos do lugar. O lugar é limpo todos os dias.

Não era boato. Eu andava para sair do estacionamento quilométrico e um brutamonte de moto falava com 3 crianças e seu combo bolacha/refrigerante. Mas era só impressão. Quando cheguei perto vi que eram gritos que saíam da boca do motoqueiro do mal. Um segurança exemplar do lindo lugar mandava os pivetes saírem do gigantesco estacionamento. E gritava! As crianças não podiam andar no cordão da calçada. Elas não deviam amarrar os tênis. Elas só tinham que sair logo dali.

Passei a caminhar por cima dos cordões e por cima da grama. Eu podia! Era incrível como a minha idade e a camiseta da UFRGS do meu amigo nos deixavam ser infantis! Tão infantis que ficamos comentando indignados e querendo gritar com o segurança ignorante, dizer que ele estava cometendo um crime, mas nada fizemos.

Mandei o cara se foder quando ele me olhou esperando aprovação ou querendo me colocar medo, o capacete me impossibilitava de ver o inimigo. Ele falou pra eu voltar e falar o mesmo na cara de novo.

Peguei o ônibus.
O show é em SP. Lá se usa a desculpa de que o pobre rola pelas escadas e depois se carrega o corpo no lixo. No lixo produzido pelo shopping.

terça-feira, 15 de setembro de 2009


Um canal passa as fraturas, o sangue e a cura dos machucados causados por acidentes físicos. Outro, a comédia não baseada.

Quem sabe algum possa falar de artistas...

Tela desligada. Ambiente mais preenchido.

A frequência é melhor ouvida, o entendimento chega mais perto, as comidas tem mais sabor e as viagens são mais reveladoras.




(...)




Desligue a produtora e vá produzir.

domingo, 13 de setembro de 2009

Skol - A cerveja desce redondo


Me lembro de tomar Skol com meus amigos no segundo ano, quando eu tava treinando meu organismo pra tomar cerveja, até aquele ano eu ficava só nos destilados (hoje não existe nada além da ceva). Num dia que a gurizada se junto pra aquela galhofa de fim de semana, tragoléu violento. Abri uma redonda, senti aquele fedor característico, convenhamos Skol fede que é um mijo. Comecei a tomar, não tava acostumado com o amargor e o peso do gás no estômago. Fui tomando, me arrastando em umas e tentei acompanhar um cara no número de cervejas. parei na metade das dele, na de número 7. Me levantei, bambiei bonito, dei um coice na cadeira de plástico, sem querer é claro. Me dirigi até o banheiro e acompanhei de outro plano de existência o caminho de volta da cerveja. Skol desce redondo e acreditem camaradas, sobe também. Mas enfim, escatologias à parte, voltei ali pra zona de bebericagem, e tava bem demais, sério, tava sóbrio que nem um juiz, tomava mais umas 7, só que não. É que, amigo, Skolfoda. Skol já não é mais a mesma, bem na real tá uma bosta. Bebe xixi que dá no mesmo. Nota 2, porque te deixa bêbado. E digo mais, quem bebe Skol manja de POUCO A NADA. Skol Beats já é oooutra história.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Trensurb.


Fume um, pegue um trem e ouça a nova arte dos macacos.

Humbug.

Pegue no Mercado e acabe onde os trilhos não levam.

Não desligue enquanto a viagem não terminar.

Olhe pra rua.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Silêncio da imprensa gaudéria depois do Grito.

Eu e milhares de pessoas cumpríamos nossas pacatas rotinas de percorrer o Centro de Porto Alegre em mais uma sexta-feira ao meio-dia. A desinformação sobre o acontecimento da manhã ocupava muitas cabeças, inclusive a minha, que se diz apoiadora da subversão.

O MC5 que tocava nos meus fones de ouvido não foram capazes de abafar o Grito dos Excluídos que tomava conta do lugar. A passeata que saiu da frente do antro de safadeza e pouca vergonha, o Palácio Piratini (quem dera fosse Pirata), cantava pela vida e pela melhoria de toda a situação social de merda que o país enfrenta.

A merda incluía o governo Yeda. É incrível como ainda se precisa chamar atenção para isso, mesmo depois de todo o país já saber de onde vem a casa da madame Crusius... E os mass media ainda ficam no acusa/não acusa...

Procurei incessantemente por membros dos grandes e duvidosos membros da grande mídia do Estado e não tive muito sucesso. Parecia que já tinham visto o bastante e ido para as suas redações aproveitarem o conforto dos seus ares-condicionados. Só me pergunto, condicionados a que?

Em meio a essa séria pesquisa de campo, só consegui achar um número inacreditável de policiais, todos com uma falta de expressão nos rostos. Talvez quisessem sorrir, mas não podiam. Estavam todos parados olhando pessoas pacíficas manifestarem suas dores de cabeça, enquanto descansavam das suas, não precisavam prender, bater, matar, revistar... Mas ninguém nos jornais comentou. Já o comentário “imparcial” de que a manifestação atrapalhou o trânsito e “esquecer” a posição da manifestação em relação ao governo do estado, o maior veículo de comunicação do Rio Grande não deixou de colocar em seu site. Mais um caso de “esquecimento”. Quanto alzheimer...

E o boneco da Yeda que foi queimado? Eu lembro de ver em todas emissoras do país uma réplica mal feita de algum ditador do Oriente Médio queimando numa manifestação longe daqui... Já o daqui, eu só lembro do cheiro e da fumaça, porque notícia ou foto só saiu na minha imaginação até agora.

*Realmente quero que o final desse post não tenha sentido amanhã e o povo de todo Rio Grande do Sul saiba que existe manifestações e problemas em seu estado.

Mais informações em: gritodosexcluidos