terça-feira, 27 de outubro de 2009
Aprecie com moderação.
Cheguei na Bienal e era segunda-feira. Os visitantes foram substituídos por trabalhadores, é dia de manutenção.
Mulheres limpam tudo, homens preparam novas obras, a multidão de belos carros continua enfileirada e esperando os que estão ali sem massa nas mãos. Uns trabalham, outros ordenam. O mundo não muda muito dentro dos museus e dos pavilhões que abrigam a arte contemporânea que contesta a realidade.
A visita vai ter que esperar. A percepção da realidade fica pra amanhã. Ou talvez eu não apareça mais por lá... O tempo é curto, preciso pensar no meu trabalho, nas minhas aulas, nas minhas horas de lazer de vazio intelectual.
Mas milhões de reais investidos devem me proporcionar pelo menos uma rachadura na cabeça por onde possam entrar alguns resquícios de conhecimento de tudo o que se passa no mundo. No mundo real. No mundo em que os moradores de rua dormem no chão e passam fome em frente aos mega eventos que visam a classe média/alta intelectualizada.
O artista pinta, esculpe, desenha, pensa, compõe. O jornalista denuncia, reclama, finge que se vê indignado. O morador de rua tenta continuar sua vida.
E os intelectuais pensam e apreciam.
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Magnífica visão.
ResponderExcluircada um tem seu papel, e quem pode escolhê-lo, ok, quem não pode se submete e tenta não ver o que incomoda.
muito bom.