terça-feira, 23 de junho de 2009
Notas de uma noite na sarjeta
Levemente embriagado cheguei à porta da perdição. Não pagaria pra entrar. Estava lá a convite da falta de vergonha e da sequela. Nada de extraordinário, era só mais uma noite normal. Mas resolvi esperar um pouco... O clima estava agradável e a sarjeta pedia uns goles derramados que escorreriam pela roupa. Nada de muito pesado, uma cerveja bem gelada resolveria a ânsia. Antes quem sabe uma olhada nas mulheres que caminhavam na rua. O lugar anda movimentado como nunca, gente que não pertence àquilo habita agora aquelas ruas e usufrui de coisas que não gosta. Anseios diferentes trouxeram toda aquela gente. A propaganda, a hipérbole e o sensacionalismo devem ir para o céu e deixar o submundo, o subsolo em paz.
Serafin me acompanhou e barganhávamos beijos em troca de risadas. Mas a multidão de necessidades estúpidas trouxe o que não devia. A frivolidade superou o que importava naquele lugar. A popularização, a multidão tinha tomado o lugar. Garrafa e cacos na barriga. Sangue em troca de dinheiro. Tudo invertido. Num passado não muito longe, o sangue se enchia com o que tinha na garrafa e o dinheiro não importava tanto. Mas o pseudo-assalto só era o início das consequências ridículas da popularização das atividades noturnas daquela parte da sarjeta de porto alegre.
Enfim a cerveja. Bebemos para estancar o sangue fino cheio de álcool. Mas foi como fechar um lado do problema e o outro sair em disparada como uma besta enfurecida e burra. Skin Heads ou algo que valha corriam na nossa direção com garrafas na mão e violência na ideologia. Uma barbárie total. Gente apanhando, vidros quebrados e correria em todas as direções. Nada de felicidade, nada de engraçado como deveria ser. Só a realidade comprovada com os porcos correndo depois que tudo já tinha terminado. Como que para fuçar onde só existem restos...
A perdição não aconteceu. Só a perda. Não há mais “Independência”. A massa tomou conta... Hakim Bey tem toda razão. As Zonas Autônomas são temporárias...
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Reclames e subversões
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Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirFantástico. Blowed my mind.
ResponderExcluirOdeio a globalização! uaehuhae
ResponderExcluirMe choquei com a história ao mesmo tempo que me vi pasma com as analogias, e colocações de situações bem descritas.
ResponderExcluiradorei.
só espero que nem sempre levem garrafdas pra ter texto bom ok.