segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Ainda sou um estudante da vida que eu quero dar.


“Acordei numa tarde quente e nostálgica numa época em que eu era a pessoa com o grande corte na parte de cima da cabeça. O cérebro ficava exposto ao vento e ao que passasse perto dela. Os pensamentos, imagens e gostos escapavam para a rua e se tornavam realidade. Os livros ainda precisavam ser lidos, as músicas escutadas e os filmes assistidos pela primeira vez. Tudo era mais interessante.

Decidi gastar em hotéis, dirigir pelas melhores ruas da cidade e de fora dela sem ter destino; beijar desconhecidas, desconhecidos, beijar quem eu amo, bebericar álcool em suas variáveis, ingerir substâncias que me abrirão as portas... Aceitei a ordem do clima do dia e fui viver meus 30 e poucos anos de novo.

Sumi. Morei em lugares que as pessoas não me percebiam e eu era mais um na multidão que sobrevive os seus melhores anos.

Mas a mídia me achou. A maior empresa de “Comunicação” do país encontrou a minha felicidade e chutou seu peito. O seu peito. O meu peito e o dela. Emoção e ódio. Sou um coitado, fui capturado pelo sistema inescrupuloso e ditador de novo.

O que me resta agora é usar isso pra ganhar um dinheiro, dar umas entrevistas, ser lembrado.

É... voltei aos meus 63 anos.”

Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes (já não mais apenas Belchior)

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