bebida liberada pra jornalista não dá certo.
se bem que na verdade, o open bar que rolou pra quem tinha credencial de imprensa no gig rock foi o único estímulo para realizar o projeto de reportagem a ser publicada nos próximos dias no NY Times. como o times é meio restrito em suas publicações, a versão suja, inescrupulosa, bêbada, e, por isso mesmo, verdadeira, sairá nessas letras brancas que vocês estão a ler.
voltando a questão do open bar, digo que foi o único estímulo para a feitura da reportagem utilizando única e exclusivamente como prova as nossas caras de desolação ao entrar no lugar em que o festival estava sendo realizado (vazio e o som horrível) ainda não munidos de nossa credencial. a única coisa em que pensava era que queria sair dali o mais rápido possível.
mas então, a situação mudou e o festival se transformou. a fatídica pulseirinha amarela/verde/fluorescente caiu em meu braço quase que por milagre, e aí sim, o paraíso do segundo andar estava aberto para a vindoura atividade.
22 e 30, no quarto copo de cerveja, decidimos fazer algumas entrevistas. os shows estavam naquela de sempre e procuramos um responsável. acabamos encontrando o dono do festival, fizemos aquelas perguntinhas que vocês poderão conferir diretamente no times, mas que não cabem nesse texto de agora. e foi justamente depois dessa entrevista que desisti de trabalhar e me foquei em beber. infelizmente, pois gostaria de ter entrevistado os caras da graforréia - entrevista essa que se resumiu em uma abraço bêbado em carlo pianta as 5 da manhã dizendo pra ele que deveria tê-los entrevistado mas tava muito bêbado pra isso. a sua resposta? faz por e-mail cara, pode fazer por e-mail. gente fina esse pianta.
mas voltando ao início do festival então, enquanto a bebida entrava e nos esquivávamos da assessora de imprensa que tinha nos dado as credenciais (VALEU BEBÊ) os shows iam rolando. meio que um por cima do outro, com duas baterias já montadas para agilizar o processo de troca das bandas. apenas quando a atração principal da noite, MALLU MAGALHÃES, foi entrar no palco, é que o som deu uma trégua de meia hora, sem trilha gravada, apenas com os ruídos de uma equipe de uns 10 roadies devidamente uniformizados passando o som. os shows que rolaram pré-mallumagalhães foram bons e ruins. chegamos na banda uruguaia maluca Hablan por la seiláoque que tava legal, depois rolou um walverdes ruim, depois outra uruguaia ruim, dai rolou uma dupla moderninha que ninguém entendeu muito bem, ainda mais quando entrou uma guria estilo programa ÍDOLOS fazendo uma intervenção vocal palha, depois rolou um tonho crocco tocando só ultramen.
quando finalmente começou o show da mallu, o festival que antes estava vazio encheu. o show, sem hipocrisia da minha parte, se fosse outra guria bonitinha de 16 anos no palco eu teria achado tri bom, mas como era a mallu obviamente que o cara já chega cheio de preconceitos. culpa dela mesmo. ela tocou 6 músicas, entre essas dois covers. dai entrou o camello, tocou mais três e foram embora. nem passaram na sala de imprensa pra dar um oi e tomar uma ceva com os jornalistas, a essa altura já completamente bêbados (to falando de mim, mas acho que era o estado geral).
mais ou menos por ai que os uruguaios malucos começaram a receber, de nós, o seu título de uruguaios malucos. não vou especificar o que lhes rendeu o título, mas envolve ingestão de drogas via nasal na cara dura, gritaria generalizada incluíndo brigas na hora de entrar no táxi e corrupção de menores (se bem que né, por aquela ali eu até faria o esforço - se o camello pode pq eu não?).
e nessas e outras, mais ou menos no momento em que a cerveja foi deixada de lado por alguns instantes para dar lugar a uma vodkinha de canto, começa o auge do festival, quiçá da minha vida. pato fu entra no palco. puta que pariu que show afude. tá certo que eu não conhecia 80% das músicas e que grande parte era um pop melosão, mas foda-se. fernanda takai é tudo. carisma, bom humor e uma voz INFALÍVEL - limpa, melodiosa, queridíssima - fizeram dela minha nova paixão platônica. só perdeu alguns pontos por não ter ido dar o ar da graça na sala de imprensa para eu tirar uma fotinho e pendurar na minha parede. paciência, ela eu deixo. destaque para a parte do chifrinhos brilhantes - mothafucka.
depois do pato fu, os pobres coitados do primeiro andar devem ter enchido o saco de pagar 4 pila a lata de antártica e foram tudo embora. sobrou só a galera que tava muito pelo rock gaúcho'(ainda iam tocar graforréia, bidê ou balde, efervescentes e tenente cascavel) e os LOUCOS. e garanto pra vocês, LOUCOS não faltaram. não sei se era o crachá ou a identificação de semelhantes, mas que nos tornamos um imã das pessoas mais aleatórias no final da festa é fato inegável. destaque para o da câmera e o que me deu um cd (valeu broder, o cd é uma bosta mas a intenção foi bonita. te pago uma vodka com fanta na próxima, se é que tu tenha sobrevivido aos 30 copos bebidos nos 5 minutos que falei contigo).
fomos embora durante o show da bidê ou balde, que eu na realidade estava curtindo bastante, mas meu corpo já não respondia ao meu cérebro, vítima de abusos feitos por mim mesmo nos últimos dias. pra botar uma cereja no bolo, ainda recebo uma ligação sendo chamado de frutinha, idiota, filho da puta; nunca mais quero te ver, tenho nojo de ti e espero que tu morra na volta pra casa. o que posso dizer frente a tal ligação? ri, e ainda dei o telefone pro daroit dar uma curtida nos insultos. essa tava mais bêbada que nós eu acho.
e agora me vejo, como sempre, sem conseguir dar uma fechamento adequado pro texto. vou me utilizar do daroit então, citando sua célebre frase proferida incessantemente por todos nós durante toda a noite: "QUANDO EU CRESCER, QUERO SER JORNALISTA"
quando crescer quero ser amigo de malucos assim
ResponderExcluirei li todo o texto achando que era o daroit.
ResponderExcluirQuando eu crescer quero ser e ter o ponto de vista que nem vocÊs.
ResponderExcluireste texto eu morri de rir, e vi todas as cenas na minha representação proposicional, caramba, muito bom texto.
queria era saber quem foi que escreveu-o.
brilhante. queria ter estado lá, junto.
Belo texto mesmo... eu não fui, e sinto que tomei a decisão certa em curtir o iggy pop e o sonic youth... pois os ultimos GIGs tem me decepcionado... As vezes pelo fato do line up, as vezes pelo povo...
ResponderExcluirTem tantas bandas FODAS na região, e vão buscar la fora atrações que mal e mal empolgam a galera...
espero que na próxima edição o 'dono' de mais valor o que temos aqui... poderia ter sido um festival do caralho, pela sua estrutura, apoios e outras coisas mais.
cara, curti muito!
ResponderExcluirultragonzo. texto sincero pra caralho e uma ótima mostra de como nos colocar (jornalistas) no centro da matéria.. isso é mt mais afudê do que só descrever os fatos.
o final ficou do caralho, repito o dito.. quando eu crescer, tb quero ser jornalista. e isso só é verdade hoje por causa de caras como tu, andré; texto verdadeiro, louco e nada convencional. abaixo o jornalismo chato que dispensa credenciais com direito à bebida grátis!!
beijos
p.s: NÃO ESTOU SENDO CONDESCENDENTE!