sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Vera Lúcia, Claudir, Cyborg e os animais.


Trem. E eu com um texto sobre cyborgs. A argumentação me levava a refletir sobre a aproximação com os animais que chegam os cyborgs, os tais seres humanos fundidos com máquinas. Os tais seres humanos que costuram um computador aos seus dedos e às suas cabeças. A falta de repressão que sofrem por manter uma relação próxima à tecnologia e as possibilidades de acesso a qualquer conteúdo sem respeitar grandes padrões os torna mais instintivos. Sem repressão, sem molde.

Na segunda-feira, o glorioso escritor do Teste do Ácido do Refresco Elétrico falou sobre isso em Porto Alegre enquanto eu mudava de posição os fones nos meus ouvidos para escutar um pouco em português e um pouco em inglês a pronúncia das palavras 'Paris Hilton'. Tom Wolfe, com o seu terno branco e camisa azul: "A repressão sexual é o que nos torna humanos". Velho conservador da porra!? Mas e o que nos resta se deixarmos as crenças, os sentimentos, todos os padrões que nos reprimem de lado e viver os nossos instintos? Barbárie...

Mas e quem quer ser mais humano?



Pensamento como páginas nas mãos. Decidi anotar. De marcador de texto laranja. A mulher ao lado achou que a letra saiu bonita. É... obrigado. Achou bonita, porque não tinha uma grande familiaridade com aquela comunicação. Vera Lúcia dos Santos - passageira de trem diariamente, vendedora de panos de prato, ex moradora da sua "roça" - era analfabeta. Viajava com o marido e companheiro de vendas ambulantes, Claudir ventura, cego e analfabeto.

Vida difícil. Acontece de os passageiros do trem não cederem espaço para o seu marido sentar. Ter que vender nas ruas todos os dias é o único jeito de viver. Pelo menos não pagam o trem. Direito de ir e vir e obrigação de não poder ficar em lugar nennhum.

Animais lutam pela sua sobrevivência. Humanos lutam pela sua humanidade, pelo suas ambições, por seu conhecimento, por suas crenças. Humanos lutam. Brigam. Agridem. E são seres humanos.

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