Sede da RBS e da Pop Rock. Tive a interessante pop oportunidade de comparecer a esses lindos lugares. Era um dia de acompanhamentos, a entrevista não era eu quem daria. Uma bela, gentil e meiga intercambista é quem falaria de sua experiência nos programas.
Cheguei a ficar nervoso quando ela me contou sobre o convite. Achei que iam fazê-la falar o que não queria, sorrir quando não via necessidade, olhar para o lado que não achava o mais justo, fazer propaganda . Era o meu lado mais radical gritando e implorando que a desencorajasse a ir expor a sua vida.
Não fiz isso. Apesar de não concordar com a motivação do relato nos programas, que era divulgar uma feira de intercâmbio que acontece amanhã na capital, achei melhor que ela matasse sua curiosidade sobre radio e televisão, enquanto eu poderia dar uma olhada naqueles ambientes que me deixam desconfiado e deslumbrado ao mesmo tempo. Já virou um hábito procurar direcionamentos cerebrais e qualidades técnicas nos grandes exemplos da comunicação de massa.
Erramos o prédio quando fomos chegar para o Cafezinho do meio dia. O programa. Prontamente as pessoas que deviam trabalhar na Pop Rock e usufruíam de um cigarro de intervalo nos indicaram o caminho certo. Gente finíssima com sorrisos verdadeiros. E aqui começou a mudança do meu olhar. Chegamos ao andar certo e nada de instruções de comportamento. Falaram do assunto, pediram pra esperar, ligaram a caixa de som para que soubéssemos o que conversavam antes da entrada. Logo os entrevistados e a assessora do evento entraram, conversa sobre a experiência, propaganda da feira, telefone pra contato, promoção para viajar de graça e a mensagem “eu não tenho dinheiro pra estudar nem em pelotas e tão falando de ir pra outro país” lida no ar. Penso que o público do programa é vasto. Mas a propaganda é para todos. Fiz fotos de dentro do estúdio, não tem problema eu entrar, ninguém vê a minha cara ou a de quem fala ali.
Problemas até agora? Talvez. Aquilo é um negócio com seus lados positivos e negativos. O programa de entretenimento abarca propaganda e isso é feito abertamente, cabe ao público aceitar ou não, ver isso como propaganda ou informação. Não aceito, e por isso minha primeira audição do programa foi lá dentro do estúdio.
O programa de TV começava às 6 da tarde. Devíamos chegar às 5 e meia. Atraso, táxis inexistentes a essa hora e risadas nos fizeram chegar na RBS com 20 minutos de atraso. Eu era um acompanhante, então não podia ficar no estúdio, devia esperar na sala de recepção se não fosse muito incômodo. Tudo bem. Sentei e esperei. O primeiro quadro falava dos horóscopos de peixes e de Áries. O segundo... comecei a olhar os quadros que estavam à minha volta. O Sr. Sirotsky estava em muitos cômodos com sua postura “séria e isenta”. Quadros de prêmios não faltavam. Um prêmio ARI de jornalismo me chamou a atenção. Seria relacionado a Ary de Carvalho? Como um dos fundadores da Zero Hora, Ary adquiriu uma dívida e colocou suas ações do jornal como garantia. Atrasou o pagamento e o cara do quadro pagou o pequeno valor e ficou com as ações que lhe faltavam do jornal. Ary não queria vender o jornal, porque colocava nele suas visões sociais. Mas eu me enganei, o prêmio ARI era relacionado com a Associação Riograndense de Imprensa.
Os entrevistados foram reembolsados pelos gastos de transporte e voltaram para suas casas só fazendo o que quiseram e falando o que queriam. Aceitaram aquilo e eu não condeno, essa é o andar do mundo. As propagandas durante o entretenimento e o jornalismo já são corriqueiros. Os ouvintes, telespectadores, leitores, internautas são pessoas informadas. E conduzidas.
sábado, 20 de março de 2010
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