segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Fodam se os críticos ou "A chinesa" do Godard


não que eu os ignore ou ache que eles devam cometer suícidio intelectual coletivo à la jonestown. inclusive, muito da minha crítica aos críticos em geral se deve a minha incapacidade mental de me incluir em seu seleto grupo. nunca tive talento para expor meus argumentos de por que gosto ou não gosto de tal coisa. até acho que o trabalho dos mesmos é essencial para a arte e cultura, portanto não tomem o título ao pé da letra, é só uma hiperbole chocante para atrair a vossa atenção. leio muitas críticas, principalmente de críticos que ODEIO, justamente para ler/ouvir/assistir a tudo que eles falam mal, usando a minha querídissima e eterna inspiração Isabela Boscov (L)(L)(L) como exemplo.

mas e dai vem a questão: que porra tá fazendo o nome de um filme no título do post se tu não vai falar dele?? ahááá! quem disse que para falar de um filme preciso fazer uma crítica, apontando seus erros e acertos como se eu fosse grandes coisas?

a escolha do filme em questão não é mera coincidência (sério?!?!) e muito menos o título em que ele figura. escolhi o filme por que, obviamente, ele teve um impacto sobre mim, seja ele qual for, mas também por que foi feito por um dos intocáveis do cinema, aquele que talvez seja o mais aclamado pelos críticos ao redor do mundo, nosso bom e velho amigo Jean-Luc Godard.

PQP, mais um chatopracaralho vindo falar desse porra desse Godard??!?!?!

essa seria a minha reação se eu estivesse do lado de vocês nesse momento. maaas existe uma questão que quero explorar rapidinho. como eu disse antes, não consigo expor minhas razões do por que gostei ou não de algo, mas se gosto profundamente, gosto de saber a opinião dos outros também. e pra onde que posso me voltar quando quero saber uma opinião concisa e fundada sobre algo artístico? pra crítica né! e lá vai google atrás de resenhas e mais resenhas sobre "a chinesa".

juro, cheguei a encontrar textos de 50 mil caracteres até, explorando mil e um significados, referências, conceitos escondidos e o caralho a quatro, nenhum deles chegando perto do que o filme realmente significou pra mim. e o que ele significou pra mim?

exatamente esse desprendimento de uma possibilidade real de crítica concisa e fundada. a experiência que o filme nos propõe não é a de uma análise sobre a obra em si, mas sim a de uma participação ativa na construção do mesmo. se tu gostar, tu vai montar o filme por ti mesmo, se não, vai dormir, sem dúvida.

por isso que não se pode falar do filme propriamente, pois o filme como obra fechada não existe.

além disso, agora rapidinho só pra finalizar linkando com o título, "a chinesa" do Godard (ele mesmo crítico de cinema antes de virar cineasta) é para mim a sua verdadeira crítica. nele são postas de maneira quase didática, todas as questões que percorrem o campo do cinema, como montagem, som, atuação e etc. é o cinema falando do cinema com o cinema. e, para fechar sua obra cinematográfica na forma de crítica, Godard aponta todas as contradições dessa classe de jovens intelectuais franceses (na qual ele mesmo se incluía) que, alguns meses depois, iria para as ruas no famigerado Maio de 68.

acho que a "a chinesa" conseguiu por em prática tudo o que sempre pensei sobre arte e crítica de arte numa obra que pode ser considerada anti-arte. e no fim das contas, já vale assistir só pelo prazer estético merrmo.

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