quarta-feira, 14 de abril de 2010
vivendo de tempo perdido
de hoje em diante não farei mais nada a não ser perder tempo. todos meus esforços serão voltados para a nobre atividade de ver a vida passar pela minha frente e não dar nem um tchauzinho. minha filosofia será a das amenidades e minha política a do deixa-estar. aceitarei de braços abertos os títulos de vagabundo, preguiçoso e chinelão que aos poucos já começam a me dar. não precisarei mais me importar com a lógica do pensamento marginal, a dialética do tédio e muito menos com o elitismo pseudo-europeu terceiromundista que me rodeia. só vou me sentar e deixar que os absurdos se desdobrem com a mesma naturalidade com que eu vi um "subversivo" criticar a bebedeira de um amigo no encontro menos subversivo que já participei na vida. por favor, não achem que estou sendo irônico ou por algum momento me levando a sério demais. os exemplos que estou usando aqui só servem como uma mera despedida para termos que sempre tive como queridos numa vida passada em que buscava achar algum sentido para o que quer que fosse. não se pode tentar esfacelar as totalidades, romper as estruturas ou mesmo experimentar a boa e velha subversão ft. chinelagem vivendo de um tempo que é experimentado por todos, ou seja, o tempo vivido do trabalho, da arte e da própria existência. a minha fuga do tempo vivido para o tempo perdido não é em si só um ato de subversão, muito pelo contrário. é apenas uma escolha arbitrária que estou revelando com muito alarde. não viso nenhum tipo de fruto a ser colhido que não seja uma insustentável leveza do meu próprio ser, a não ser que daqui uns dias decida redescobrir esse tempo, mas dai já é outra história. agora me ocupo apenas de viver de tempo perdido.
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é nói, como dizem por ai.
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