é hora de dar tchau.
um ano depois, mais maduros, doentes e EVOLUÍDOS (?), chegou a hora de MUDAR (o que é imutável hahaha NOT - péssima frase aliás, abraços). nos ESTAFAMOS do fundo preto, da palavra """""subversão""""" (abraços, haubrich) e do blogspot nada funcional.
DE TAL FORMA, nos mudamos para o wordpress, levando toda nossa GINGA para lá. o amarelo tráfico, mais organizado, definido, bonito, gostoso e SENSUAL, agora (não exatamente AGORA, já que nosso servidor só ATRAVANCA nosso caminho) trará reportagens DE VERDADE, entrevistas, fotografia, opinião, cultura, enfim, toda a EFERVESCÊNCIA do SUBMUNDO chinelão, esse safado. e o melhor: COLABORADORES.
queria ter escrito algo mais bonito, tocante e EMOTIVO, mas que se dane. foi legal, mas deixo o saudosismo para o futuro. e eu sempre choro em despedidas =~~~~ (mentira)
enfim, se liga lá:
WWW.AMARELOTRAFICO.COM
abraços,
thom, o pinguim.
sábado, 12 de junho de 2010
terça-feira, 8 de junho de 2010
o jornalismo é um mito
putaquepariu, sempre tem um jornalista chato pra ficar se levando a sério:
"(1) é impossível discutir a existência de um jornalismo que seja caracterizado como ALTERNATIVO enquanto questão da LINGUAGEM não for colocada em jogo.
se a matéria prima do jornalismo é o MUNDO e sua substância é o TEXTO, é no aspecto da FORMA que está o pulo do gato.
o jornalismo, antes de mais nada, é linguagem. uma mudança na linguagem jornalística não diz respeito apenas maneira como ele é escrito. o novo jornalismo fez isso há CINQUENTA ANOS e tudo que conseguiu foi que qualquer reportagem que não trate de """""assuntos sérios e relevantes"""""" seja escrita em forma de conto. a renovação formal do novo jornalismo deixou brecha para ser instrumentalizada pela grande mídia. este não é o caminho.
a linguagem engloba não apenas a maneira como o texto é escrito, mas também a forma que o jornalismo é encarado. a linguagem jornalística deve ser elaborada desde o princípio, da reflexão pessoal que continuará na hora da entrevista ou da apuração dos dados e finalmente no texto em si. é todo o processo que determina a linguagem como produto final, não apenas uma maquiagem """"""subversiva"""" do texto.
escrever sobre subversão com a linguagem da zero hora já condena o texto ao ostracismo na primeira frase. naturaliza a subversão transformando-a em produto de rebeldia juvenil, um fetiche da hegemonia.
(2) a internet não é só uma maneira de fazer acessível os textos que escrevemos, mas sim o verdadeiro estopim para a revolução do jornalismo alternativo.
a internet PULVERIZOU o grande público, MINOU a ideia de concessão formal e ESCANTEOU o aspecto econômico da comunicação.
não existe mais o fantasma do grande público a assombrar o jornalismo. não é mais necessário um primeiro olhar do jornalista a respeito de quem lê o que ele escreve e a quem interessam suas palavras. o texto na internet é um objeto de constante visualização e em eterno movimento. se o espaço em que está publicado é conhecido, será lido por quem o quer ler. o escritor não mais escreve pelo público, mas o público que lê pelo escritor.
no momento em que não mais existe um grande público a ser alcançado, qualquer concessão formal em nome de uma comunicação mais ampla torna o texto retrógrado e imbecil. o texto deve ser livre, e mais, deve por princípio instalar uma nova linguagem que se oponha frontalmente ao que é publicado fora da internet e aos meios de comunicação tradicional.
o jornalismo sempre foi praticado como uma atividade econômica justamente para não criar vínculos com qualquer tipo de poder instituído, porém acabou refém de sua própria independência, o mercado. com o surgimento da internet, a necessidade de capital para continuar com a atividade jornalística se extinguiu, de maneira que é possível praticar a função sem se dobrar àqueles que depositam o suborno no fim do mês.
morrer de fome sim, esse é o caminho."
"(1) é impossível discutir a existência de um jornalismo que seja caracterizado como ALTERNATIVO enquanto questão da LINGUAGEM não for colocada em jogo.
se a matéria prima do jornalismo é o MUNDO e sua substância é o TEXTO, é no aspecto da FORMA que está o pulo do gato.
o jornalismo, antes de mais nada, é linguagem. uma mudança na linguagem jornalística não diz respeito apenas maneira como ele é escrito. o novo jornalismo fez isso há CINQUENTA ANOS e tudo que conseguiu foi que qualquer reportagem que não trate de """""assuntos sérios e relevantes"""""" seja escrita em forma de conto. a renovação formal do novo jornalismo deixou brecha para ser instrumentalizada pela grande mídia. este não é o caminho.
a linguagem engloba não apenas a maneira como o texto é escrito, mas também a forma que o jornalismo é encarado. a linguagem jornalística deve ser elaborada desde o princípio, da reflexão pessoal que continuará na hora da entrevista ou da apuração dos dados e finalmente no texto em si. é todo o processo que determina a linguagem como produto final, não apenas uma maquiagem """"""subversiva"""" do texto.
escrever sobre subversão com a linguagem da zero hora já condena o texto ao ostracismo na primeira frase. naturaliza a subversão transformando-a em produto de rebeldia juvenil, um fetiche da hegemonia.
(2) a internet não é só uma maneira de fazer acessível os textos que escrevemos, mas sim o verdadeiro estopim para a revolução do jornalismo alternativo.
a internet PULVERIZOU o grande público, MINOU a ideia de concessão formal e ESCANTEOU o aspecto econômico da comunicação.
não existe mais o fantasma do grande público a assombrar o jornalismo. não é mais necessário um primeiro olhar do jornalista a respeito de quem lê o que ele escreve e a quem interessam suas palavras. o texto na internet é um objeto de constante visualização e em eterno movimento. se o espaço em que está publicado é conhecido, será lido por quem o quer ler. o escritor não mais escreve pelo público, mas o público que lê pelo escritor.
no momento em que não mais existe um grande público a ser alcançado, qualquer concessão formal em nome de uma comunicação mais ampla torna o texto retrógrado e imbecil. o texto deve ser livre, e mais, deve por princípio instalar uma nova linguagem que se oponha frontalmente ao que é publicado fora da internet e aos meios de comunicação tradicional.
o jornalismo sempre foi praticado como uma atividade econômica justamente para não criar vínculos com qualquer tipo de poder instituído, porém acabou refém de sua própria independência, o mercado. com o surgimento da internet, a necessidade de capital para continuar com a atividade jornalística se extinguiu, de maneira que é possível praticar a função sem se dobrar àqueles que depositam o suborno no fim do mês.
morrer de fome sim, esse é o caminho."
segunda-feira, 31 de maio de 2010
dois trabalhos.
Dois nordestionos. Um é cowboy.
Uma velhinha encurvada tem dificuldade de abrir sua barrinha de cereal contemporânea recupera-se do incômodo causado pelo guri de cabelos compridos sem vergonha que sugeriu a escada rolante.
Lá vai a tiazinha. Vózinha. Quase caiu. Saiu rapidinho. Com a bengala tateando. Teteando?
Ficaram os nordestinos. Tiram fotos posadas quase sexualmente dentro do trem. Parecem estar a passeio. Mas será que vieram em busca de trabalho?
Aqui não tem. Quem tem dois é o obreiro da quadra de basquete da Fabico.
Tem Home Theater, telona, casa própria. E trabalha na obra do estudo do solo do lado da escola Técnica. E na Vila Cruzeiro.
Luan, ou Thomas (apelido por causa do filme da Serra Elétrica), trabalha com bolinhas. De pó, maconha e pedra.
Às vezes dá 10 mil de lucro. Com 19 anos. Seu irmão trabalha como torneiro e o convidou para trabalhar na empresa em que ganha seu dinheiro.
Aceitou. Ainda mais que agora não precisa mais vender "salgados". Só agencia.
O guri é inteligente. Estudou até o segundo ano. Tem boa retórica e achava legal estudar. E fumar um antes da aula. Ou depois do trabalho. Até me convidou pra atividade, a qual aceitei prontamente.
Os ESTADOS ALTERADOS DE CONSCIÊNCIA aumentam. Falei sobre as dificuldades e erros da universidade. Não há espaço para experimentações. "Faça igual aos padrões da grande imprensa, mesmo ela sendo uma merda", grita a instituição UNIVERSIDADE para mim, enquanto os sussuros exaltados de "isso que se faz na grande mídia é uma merda, não é jornalismo, precisamos de um jornalismo verdadeiro, jornalista era de esquerda e ia pra rua fazer as reportagens, jornalismo é SUBVERSÃO..." do professor Ungaretti são seguidos por um grupo pequeno do corpo discente/doscente/que sente/não sente.
E ele entendeu. O Luan. O Thomas. Concordou que mesmo assim a universidade é importante por UNIR vagabundos que reclamam dos ensinamentos técnicos por preguiça/inconformidade/ócio.
Duas pontas e goles de ceva em copos de plástico.
ENCHAME.
Uma velhinha encurvada tem dificuldade de abrir sua barrinha de cereal contemporânea recupera-se do incômodo causado pelo guri de cabelos compridos sem vergonha que sugeriu a escada rolante.
Lá vai a tiazinha. Vózinha. Quase caiu. Saiu rapidinho. Com a bengala tateando. Teteando?
Ficaram os nordestinos. Tiram fotos posadas quase sexualmente dentro do trem. Parecem estar a passeio. Mas será que vieram em busca de trabalho?
Aqui não tem. Quem tem dois é o obreiro da quadra de basquete da Fabico.
Tem Home Theater, telona, casa própria. E trabalha na obra do estudo do solo do lado da escola Técnica. E na Vila Cruzeiro.
Luan, ou Thomas (apelido por causa do filme da Serra Elétrica), trabalha com bolinhas. De pó, maconha e pedra.
Às vezes dá 10 mil de lucro. Com 19 anos. Seu irmão trabalha como torneiro e o convidou para trabalhar na empresa em que ganha seu dinheiro.
Aceitou. Ainda mais que agora não precisa mais vender "salgados". Só agencia.
O guri é inteligente. Estudou até o segundo ano. Tem boa retórica e achava legal estudar. E fumar um antes da aula. Ou depois do trabalho. Até me convidou pra atividade, a qual aceitei prontamente.
Os ESTADOS ALTERADOS DE CONSCIÊNCIA aumentam. Falei sobre as dificuldades e erros da universidade. Não há espaço para experimentações. "Faça igual aos padrões da grande imprensa, mesmo ela sendo uma merda", grita a instituição UNIVERSIDADE para mim, enquanto os sussuros exaltados de "isso que se faz na grande mídia é uma merda, não é jornalismo, precisamos de um jornalismo verdadeiro, jornalista era de esquerda e ia pra rua fazer as reportagens, jornalismo é SUBVERSÃO..." do professor Ungaretti são seguidos por um grupo pequeno do corpo discente/doscente/que sente/não sente.
E ele entendeu. O Luan. O Thomas. Concordou que mesmo assim a universidade é importante por UNIR vagabundos que reclamam dos ensinamentos técnicos por preguiça/inconformidade/ócio.
Duas pontas e goles de ceva em copos de plástico.
ENCHAME.
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Forrest Gump não morreu
ele apenas envelheceu
Sempre quis ser velho. Não só pelo fato óbvio de ficar velho significar que você não morreu antes do tempo – embora seja uma ÓTIMA justificativa - mas porque sempre quis ter bigodes, usar colete, fumar charuto ou jogar bocha, essas coisas que fazem você ser EXECRADO pela sociedade caso não ostente uma vasta cabeleira branca ou algum outro sinal de que já se encaminha para o final de sua vida.
Porém, nada disso é tão SENIL e me desperta tanto interesse quanto contar histórias a desconhecidos. Não sei que fenômeno é esse, mas parece que é só a pessoa atingir a idade para tomar a vacina da gripe de graça que, inconscientemente, desperta um FORREST GUMP dentro dela. Já nem sei mais quantas vezes ouvi sobre o barulho feito pela primeira égua que meu pai teve na infância, ou sobre a cadeia hierárquica das câmeras fotográficas antigas do senhor jornalista que compartilha o mesmo bar de estimação comigo – quase sempre bêbado, o que acentua a sua PROLIXIDADE.
Mas o paraíso desse complexo de SHERAZADE é mesmo a PRAÇA. Entre uma partida de dominó e um chimarrão, é ali que a humanidade sacia sua vontade de falar. Acabo sempre sentado em algum banco no centro, esperando que alguém com idade para ser meu pai venha falar comigo. Sempre com os fones nos ouvidos, óbvio, pra me fazer de difícil. Só gosto de ouvir quem quer MUITO falar, mesmo que tenha que superar os OBSTÁCULOS causados pela juventude, essa safada.
Mais ou menos como esse senhor, Osvaldo, que já sentou ao meu lado me xingando. Demorei a entender o que se passava, com o volume alto do Local Natives – melhor banda – me privando da audição. “No meu tempo as pessoas conversavam, não ficavam ouvindo música”. INTIMADO de tal forma, desliguei o mp3 e comecei a DIALOGAR com ele, tudo o que eu queria – e ele também, acho.
Porém, nada disso é tão SENIL e me desperta tanto interesse quanto contar histórias a desconhecidos. Não sei que fenômeno é esse, mas parece que é só a pessoa atingir a idade para tomar a vacina da gripe de graça que, inconscientemente, desperta um FORREST GUMP dentro dela. Já nem sei mais quantas vezes ouvi sobre o barulho feito pela primeira égua que meu pai teve na infância, ou sobre a cadeia hierárquica das câmeras fotográficas antigas do senhor jornalista que compartilha o mesmo bar de estimação comigo – quase sempre bêbado, o que acentua a sua PROLIXIDADE.
Mas o paraíso desse complexo de SHERAZADE é mesmo a PRAÇA. Entre uma partida de dominó e um chimarrão, é ali que a humanidade sacia sua vontade de falar. Acabo sempre sentado em algum banco no centro, esperando que alguém com idade para ser meu pai venha falar comigo. Sempre com os fones nos ouvidos, óbvio, pra me fazer de difícil. Só gosto de ouvir quem quer MUITO falar, mesmo que tenha que superar os OBSTÁCULOS causados pela juventude, essa safada.
Mais ou menos como esse senhor, Osvaldo, que já sentou ao meu lado me xingando. Demorei a entender o que se passava, com o volume alto do Local Natives – melhor banda – me privando da audição. “No meu tempo as pessoas conversavam, não ficavam ouvindo música”. INTIMADO de tal forma, desliguei o mp3 e comecei a DIALOGAR com ele, tudo o que eu queria – e ele também, acho.
Não deu cinco minutos e aquela figura PITORESCA, de chapéu panamá, mala de viagem e POCHETE, já tinha me contado tudo sobre como as MODERNIDADES destruíram o mundo perfeito. O trânsito caótico, a antipatia das pessoas, o tempo corrido, a venda de jogadores e mais alguma coisa envolvendo MULHERES - que eu não entendi muito bem e fiquei com vergonha de perguntar – despertavam a tristeza no coração que batia por trás daquela PORPENTOSA barriga. Só a Previdência não foi DILACERADA naquela tarde: “Sempre sonhei receber sem precisar fazer nada”, disse rindo.
Mas nada ARDE mais nas lembranças de seu Osvaldo que o carnaval. FOLIÃO mais ou menos desde o nascimento de Jesus Cristo, acabou largando o hábito no século XXI. “Hoje em dia carnaval em Porto Alegre é só desfile de carro e meia-dúzia de gente empacotada caminhando. Não sei que graça essa gente vê nisso.”
Graça seu Osvaldo via mesmo era no carnaval-arte das TRIBOS – ele ainda se diz um COMANCHE – aos poucos destruído pelo carnaval-de-resultados das Escolas de Samba, a pior relação gaúcha com o Rio de Janeiro desde a ida de BRIZOLA para a terra do Pão de Açúcar, segundo ele, que, pra piorar, lamenta ter feito parte das duas.
Não lembro bem dos DETALHES, expelidos pelo meu amigo de banco de praça de forma ASSUSTADORA – a idade deve fazer bem pra memória também – mas seu Osvaldo jura ser responsável DIRETO pelos títulos da FINADA Trevo de Ouro, escola de samba do Centro de Porto Alegre, na década de 60. Diz ele ter sido o criador dos sambas que levaram a cidade ao completo ÊXTASE naqueles dias, e que garantiram as TAÇAS para a escola. Fui, inclusive, BRINDADO com alguns trechos das músicas, que falavam sobre revistas, Espanha e Zumbi dos Palmares – não juntas, necessariamente – e que colaboraram para o ENRAIZAMENTO de tal tipo de AGREMIAÇÃO em nossa PROVÍNCIA.
Em tão nobre ESTABELECIMENTO, seu Osvaldo afirma ter conhecido ALCEU COLLARES, grande BALUARTE da Trevo, que se tornou seu grande amigo. Tanto que o levava a encontros CONFIDENCIAIS com Leonel Brizola, então governador deste estado, num dos quais teria pedido a opinião dos dois sobre a sua vontade de MIGRAR para a GUANABARA. “Deveria ter acorrentado ele ali mesmo e não deixado sair nunca”, me contava o amargurado sambista.
Depois, nos anos 80, já DESILUDIDO com o samba e as FESTAS POPULARES, trabalhou para eleger seu amigo prefeito e, mais tarde, governador. “Sempre quis ver um NEGRÃO no poder, ainda mais um que fosse meu amigo!” Ganhou inclusive algum cargo relativamente grande e de nome díficil nas administrações, que eu não lembro mais. Mas, com o tempo, se afastou do ex-governador. “O problema era a Neuza”, diz ele. Ficou sem emprego, não tinha família e gastou quase todas ECONOMIAS em bebida nos bares do centro. O resto desperdiçou.
Agora sai por aí, com uma mala nas costas, vendendo MUAMBAS trazidas do Paraguai. Quando o meu amigo Rodrigo Ferreira, meu FOTÓGRAFO de plantão – já que eu não tenho habilidade ALGUMA – que havia chegado em algum momento da conversa que eu não sei PRECISAR, pediu para tirar uma foto dele, fez-se o caos. Levantou, saiu correndo e nem se DESPEDIU – o que não impediu nosso VIVAZ amigo de CAPTURAR a imagem de seu Osvaldo.
Depois, EMBASBACADO, cheguei em casa e, movido pelo ÍMPETO jovem, joguei tudo no GOOGLE. Não existe registro nenhum de algum OSVALDO na vida de Collares, da Trevo de Ouro e nem na composição dos sambas CAMPEÕES. Mas também, que se dane. Certas histórias não precisam ser VERDADEIRAS para serem REAIS. Quando eu envelhecer, já sei, quero ser mais um Osvaldo.
(texto a ser publicado no jornal 3x4 da fabico - se fosse EXCLUSIVAMENTE pra cá, seria bem diferente aka MELHOR)
postado por daroit (que perdeu a conta no blogger e está SEM SACO pra refazer)
segunda-feira, 24 de maio de 2010
domingo, 9 de maio de 2010
HELL ON HELLAS
coisa linda isso que tá rolando na grécia né? isso é pra calar a boca desse povinho metido a europeu, que fica ESCULHAMBANDO com o brasil, bem naquela ideia BESTA de que moramos aqui só por que não dá pra morar fora. olha meus queridos, prefiro me FUDER no brasil, mas pelo menos ser fudido por mim mesmo (o que abre a possibilidade de um dia deixar de me fuder), do que ficar com peso na consciência de estar fudendo com os meus priminhos mais vagabundos, ou pior, SER FUDIDO PELO PRIMO RICO.
e olha que a gente esteve bem pertinho. alguém ai ouviu ALCA? um salve pro sapo barbudo que nos salvou dessa que o boca mole cuzão tava preparando pra gente. mas esqueçamos do brasil, olhemos para o futuro, olhemos para a evolução política/econômica/social. olhemos para a EUROPA.
a própria ideia da união européia traz nela mesma a sua DERROCADA. claro que o plano do euro no papel é perfeito. perfeito pros RICOS, como a alemanha e a frança que tem a sua economia estável e não precisam se utilizar de variações cambiais para promover competição interna ou estabilizar a economia. agora aplica isso ai na grécia, país POBRE PORÉM LIMPINHO; vai tomar toda a dor de se meter com aqueles primos ricos, que te prometem um emprego na diretoria da empresa deles, mas no primeiro dia que tu aparece com teu TERNINHO DESBOTADO eles já perguntam cade o ARMANI. e quando tu responde que não tem grana pra comprar, ele te fazem um plano de ajuda onde todos os teus salários dos próximos SEIS MESES serão destinados a compra do bagule. MASSA NÉ?
e tem mais gente no caminho. a grécia tudo bem, ninguém lembra dela mesmo a não ser nas aulas de FILOSOFIA ou nas FÉRIAS de verão, mas me responde o que vai SUCEDER quando a ESPANHA entrar no rolo? e portugal? não querendo botar os BOIS NA FRENTE DA CARRETA, mas a última vez que a europa teve uma dessas CRISES FDP, a primeira medida a ser tomada foi? VAMOS NOS UNIR, POVO ________(insira nacionalidade de sua escolha)!! A CRISE É FORTE, MAS UNIDOS VENCEREMOS ESSA AMEAÇA (vermelha, na época)! opa opa. tá certo que GATO ESCALDADO TEM MEDO DE ÁGUA FRIA, mas o nacionalismo tá ai! é só um louco com as bases na retórica subir num palanque pra convencer os VINTE POR CENTO de desempregados da espanha, que quem tá tirando o emprego deles são os imigrantes, dai já viu né. e todo mundo sabe muito que a XENOFOBIA na europa não é mito coisa nenhuma.
mas então, totalmente do nada, surge aquele termo na equação que ninguém esperava pra botar tudo em perspectiva: A LOUCURA DO POVO GREGO.
aquela antiga questão da passividade popular enquanto a putaria rolava solta por debaixo dos panos, com os especuladores, banqueiros e a própria classe política do país jogando a bomba encomendada por ELES MESMOS em cima do povo, agora virou um caso de DESOBEDIÊNCIA CIVIL AGUDA. crise financeira tem todo ano. o sistema econômico é baseado nessa IDIOTICE de especulação e blablabla, portanto as crises são inevitáveis. MAS, o que me causa ficar QUEIMANDO meu tempo de cerveja nessas linhas é justamente a questão POVO MOSTRANDO QUE EXISTE. já passou muito tempo, mais ou menos desde que a direita conseguiu provar pra todo mundo que a POLÍTICA MORREU, que as decisões só passam pelo CRIVO dos ALTOS POSTOS, sem nem mesmo a possibilidade do CRIME que seria uma consulta popular sobre os destinos de algo tão PRIVADO quanto o DINHEIRO PÚBLICO.
qualquer tipo de manifestação dessa magnitude fortalece a presença popular, tanto no seu próprio país mas também pro mundo todo, por que apesar dos ESFORÇOS MAGNÂNIMOS da mídia em esconder esse tipo de COISA AFUDE, a putaria tá rolando NO CENTRO DA EUROPA. o presidente ou EQUIVALENTE da grécia pede calma aos cidadãos, por que a EUROPA tá de olho, e eles podem sofrer as consequencias mais tarde. o povo ouve isso e MANDA ESSE VELHO OTÁRIO TOMAR NO CU, tocando um molotov na PORTA DO PARLAMENTO. não há mais espaço pra demagogia na ruas de ATENAS. a juventude grega, que já é louca por ser grega e metida a rebelde por ser jovem, tá com contas a acertar desde 2008, quando um gurizão foi ASSASSINADO pela polícia num desses protestos. e ainda criticam a gurizada, alegando que os ANARQUISTAS estão usando os protestos para os seus propósitos. MAS É CLARO, o povo tá na rua, aproveita e muda tudo. é que nem o De Gaulle em maio de 68, apavorado com a juventude francesa: "mas como eles querem mudar TUDO?? e ao mesmo tempo!!". coitado do De Gaulle, ele não entendeu nada. É CLARO que tem que mudar tudo, e ao mesmo tempo.
o único problema, e me desculpem imensamente aqui pelo CORRETISMO que essa frase pode carregar em seu ÂMAGO, é a violência que deixa de ser RITUAL E SIMBÓLICA e se transforma em REAL. morreram três essa semana, que eu acho que não tinham grandes coisas a ver com a parada. e os HOMENS DA LEI também têm se fudido BONITO. tá certo que eles são a representação FÍSICA dessa """"AUSTERIDADE"""" que assola a acrópole, mas eles também vão tomar no cu com os salários e a aposentadoria. vai ver que sou meio BICHA DEMAIS pra ir pra rua queimar carros e bater em brigadiano. fico com as palavras de apoio.
dêem uma olhada e tirem suas conclusões:
segunda-feira, 26 de abril de 2010
ócio, sombrinhas, pedreiros, clichês. nada de novo.
Outra saída. Buteco da Vila Planetário.
15:30. Falta de trabalho. Saí para acompanhar uma sessão de fotos sem pretensão. Era o gasto do resto do filme.
O primeiro destino era um evento patrocinado pela Red Bull no Planetário do lado do campus. Só para universitários, energético liberado, dj, caixas, equipamentos, avião de controle remoto para quem quisesse brincar. O pagamento era aparecer nas propagandas posteriores. Uma pauta que considero pelo menos sem graça: estudantes tomando energético conversando sobre aviões ficando ligados no que acontece aos redores da faculdade e participam do evento do momento e batem palmas enquanto suas aulas acontecem ou não no campus ao lado. Não me atrai.
Segue o percurso. A vila Planetário é ali do lado. Medo, receio, tensão? Pssss... Acho que agora vão começar as fotos de verdade. Mas... não. As fotos não são minhas, e não vão ser, estava sem câmera. Quem sabe uma foto da borracharia? Não...
Chegamos à Ipiranga. "Vamos atravessar a ponte, quem sabe tem algo lá". Tudo pacato. Os três fumantes de crack usavam uma sombrinha para tapar a chuva, o vento, os olhares e manter o fogo aceso. Voltei e olhei pra eles. me viram. eu vi. sugeri as fotos. não deu certo. Era perigoso, imagina se os caras não gostam e vem nos matar. Um flanelinha de sinaleira (?!) nos chama e manda esperarmos. Fiquei esperando. Mas abriu a sinaleira e ele não consegue chegar até mim. Não ouve nada, então sigo a caminhada.
Do outro lado do corrego, a foto é feita. Não apoiei. Acho estranho fazer isso escondido. Ou chato. Ou errado. A foto não seria publicada nos jornais como os jornais fazem, mantendo o padrão de suas fotos posadas de quem tem pose e espontâneas/escondidas/discretas/reveladoras de quem é problema.
E o posto da polícia era do mesmo lado do corrego onde foi feita a foto. E a polícia passou por mim na volta. E eu fiquei me perguntando se deveria denunciar. Me disseram que isso não ia mudar nada.
O que adianta? E voltam os clichês, as maiores verdades da humanidade.
quinta-feira, 22 de abril de 2010
AMARELO TRÁFICO VAI AO TEATRO
mas senta no corredor.
com a equipe de reportagens quase completa, o antes saudoso coletivo de vagabundos e chinelões e agora pretenso coletivo de vagabundos e chinelões que querem se levar a sério AMARELO TRÁFICO, deu as caras lá pelas bandas da ipiranga para averiguar de perto se a nova mania da província de são pedro, a banda APANHADOR SÓ, justificava o BUZZ que têm causado pelos twitters orkuts facebooks da vida. que o disco é muito bom nem preciso falar; se não fosse, não teríamos nos prestado a caminhar pelas cabreiras vielas que assombram nossa cidade no cair da noite. mas como dizem por ai, e eu concordo plenamente, QUERO VER SE É BEM ASSIM AO VIVO. e já adianto que é.
não quero me deter muito neste texto, até por que corre na boca pequena que essa banda ainda tem contas a acertar com os membros desse coletivo num frente-a-frente regado a cerveja barata no bambus, mas também não posso perder o calor dos acontecimentos para registrar uma meia-dúzia de pensamentos.
o fato de o show ter acontecido num teatro, o da renascença no caso, me causou particularmente um frio na espinha, devido a suposta insalubridade alcoólica que reinaria no ambiente. portanto, decidimos chegar uns minutinhos antes para enchermos nossos copos no boteco mais próximo (um posto ipiranga - rajada financeira em contraponto à gratuidade do evento). ao chegarmos no local do evento, claro que fomos recebidos pela horda de clones que atualmente é a cena alternativa porto-alegrense, algo que contrasta de maneira bem irônica com a heterogeneidade de estilos da linha de frente da banda em questão. entramos, e o teatro estava começando a lotar, mas não pensamos duas vezes em sentar no corredor. posso até ir ver show num teatro, mas mesmo assim vou continuar patifando.
os primeiros acordes começam a soar com as cortinas abaixadas, e quando elas sobem, a banda aparece num dos palcos mais bem trabalhados que já vi na minha vida. direção de arte do "espetáculo" merece uma referência absurda, tanto pela decoração como pela iluminação. no aspecto visual, não posso deixar de destacar também as incursões do nosso fotógrafo oficial mario arruda, que parecia uma tartaruga ao atravessar o palco de um lado ao outro abaixado com sua mochila. deu um toque de finesse a coisa toda.
em relação ao show em si, não é do meu feitio ficar jogando rosas, mas também não posso trair meu "senso jornalístico" e ficar criticando aspectos mínimos para dar uma de cool. a impressão que fiquei, e que acredito que todos os que estavam presentes também ficaram, é a de que estávamos presenciando um momento único. uma banda de altíssima qualidade, no auge da sua forma, tocando perfeitamente suas próprias composições com a grandeza de quem toca num teatro, mas com a naturalidade de quem está ensaiando na sala de casa. as músicas do disco fluíram perfeitamente, alcançando sempre o mesmo clima que cabe a cada uma delas, sem nenhum tipo de descaracteriazação. algumas, claro, funcionam melhor no disco que ao vivo, mas como era o lançamento do próprio, não poderiam faltar no set list. porém, canções que talvez não tivessem um grande destaque nos fones de ouvido, ganharam MUITO quando executadas e ouvidas em conjunto. outro destaque fica pras novas composições, só músicas afudes, o que garante a priori um baita futuro pra banda. e o cover de tom zé então, nem se fala.
não quero me alongar muito mais, até por que uma resenha mais específica está no forno. esta aqui é só pra jogar as primeiras impressões. a que fica, como eu já disse, é que me sinto privilegiado de ter estado no show desta noite. foi um breath of fresh air não apenas para o rock gaúcho, que já estava sufocando nos seus terninhos mofados, mas também para entrar com os dois pés na porta e se afirmar como uma das melhores bandas em atividade aqui no país.
paguei pau, mas to nem ai, mereceram bonito.
domingo, 18 de abril de 2010
“QUEM AINDA DISCUTE REVOLUÇÃO?” – CENA 1 – EXTERNA/NOITE – VARANDA EM PARIS 68
são 19 horas em paris. a fotografia é P&B em alto contraste. dois jovens estão sentados na varanda de um prédio aparentemente de luxo, enquanto ao longe se escutam gritos, tiros e explosões. um dos jovens está vestido numa mescla de bob dylan na fase don't look back e um simbolista do século XIX e rabisca em um caderno. do seu lado, usando por cima de sua camisa caleidoscópica uma echarpe, enrola um cigarro o outro jovem. o jovem que está com o caderno (que chamaremos de 'CADERNO' daqui em diante) para de anotar o que quer que estivesse anotando, vira-se para o seu companheiro de varanda ('CIGARRO', como vocês devem ter imaginado) e o fica encarando com uma expressão incrédula. CIGARRO não vê a situação imediatamente, mas quando vai acender o seu cigarro com um fósforo, nota CADERNO e seu olhar. "que foi?" pergunta CIGARRO com um certo espanto, durante sua primeira tragada. "sabe de uma coisa?" diz CADERNO, "eu to me sentindo meio inútil sentado aqui escrevendo". CIGARRO solta a fumaça e olha na direção de onde vêm os sons do tumulto, "é por causa das barricadas? eu tava pensando nisso agora". "não é só por isso, mas também". CADERNO olha para a sua caneta com olhos de desprezo, "enquanto as pedras voam em nome de uma suposta liberdade, essa caneta só me faz mais prisioneiro". "prisioneiro do que?” pergunta CIGARRO, “das tuas ideias? Tu bem sabe que jogar pedras e gritar é proibido proibir não são atos conscientes". ele se levanta, e procura algo em sua volta. acha um cinzeiro e um copo ao lado da cadeira onde estava sentado. leva o cinzeiro e o copo até o parapeito da varanda, bate seu cigarro e continua, "se tu é prisioneiro do pensar, melhor que eles, prisioneiros do agir; sempre subordinados as tuas palavras. a revolução não acontece nas ruas, mas sim nas linhas de um caderno". CADERNO também se levanta, ainda com a caneta em suas mãos como se fosse um objeto de tortura. para ao lado de CIGARRO e pede um pega de seu cigarro. CIGARRO o alcança, porém, a mão para pegá-lo é a mesma que segura a caneta. CADERNO olha para a caneta, para o cigarro, e dá a volta por trás de seu companheiro, parando do seu outro lado, pronto para receber o cigarro com a sua mão livre, a direita. CIGARRO ri esperando que CADERNO o acompanhe, mas ele fica quieto. apenas solta fumaça pensativo. "não é que eu me sinta prisioneiro de minhas ideias, mas sim de minha própria expressão" diz CADERNO, "ambos concordamos que esse mundo está longe de ser o ideal, certo?". "certo", concorda CIGARRO, oferecendo o copo cheio de líquido verde para CADERNO, que aceita e toma um longo gole. "eu não consigo pensar de outro jeito que não seja através de palavras. palavras essas que organizo buscando uma forma e um sentido, para tentar aproximar esse mundo do que julgamos nós ser o ideal" continua CADERNO. "poesia! revolução!" se empolga CIGARRO enquanto busca pela garrafa para encher o copo. "nem poesia, nem revolução" CADERNO decepciona CIGARRO, jogando a baga da varanda. "como fazer poesia, se as palavras que uso são as mesmas usadas para descrever essa realidade insustentável? como fazer revolução, se os valores que nos guiam – justiça, liberdade, igualdade - são valores que nasceram no centro da própria sociedade que queremos transformar? escrever é o ato menos revolucionário que pode existir, pois a escrita não é nada mais do que um eterno repetir das bases de nossa sociedade e dos limites de nossa mente. se lembra da nossa fórmula da revolução?" pergunta CADERNO. CIGARRO prontamente responde, "mas é claro! revolução é poesia, amor e morte. o que tem ela?". "nós acertamos nos termos usados, mas a ordem está errada. na verdade, poesia é que é revolução, amor e morte. a revolução em si não é um fim, mas sim, uma condição para a existência da poesia. ela sim, um fim." CIGARRO fica quieto por uns instantes, quase como em respeito às palavras de CADERNO. enquanto enrola mais um cigarro, vê na esquina que a movimentação dos estudantes começa a invadir a sua rua. ele cutuca CADERNO, que está alheio em pensamentos. "então, bora fazer poesia? a revolução já tá nas ruas, é só descer. a morte, bem, uma morte em meio a massa sempre tem o seu valor". "e o amor?", pergunta CADERNO. "amor a causa?" responde CIGARRO e ambos começam a rir histericamente. a porta da varanda se abre atrás deles e de dentro do apartamento sai uma loira com cabelos de brigitte bardot enrolada apenas em um lençol. "do que vocês tão rindo, hein?", diz a loira, que chamaremos de LENÇOL. "já estou há uma hora esperando vocês lá dentro, e vocês aqui, rindo de mim provavelmente". "nada querida", diz CADERNO. "foi só um assuntinho que surgiu aqui, mas já resolvemos" completa CIGARRO. "vai entrando que a gente já vai". LENÇOL dá um sorriso, manda um beijo e entra. "só não esqueçam dos cigarros e dos copos!" ela grita já dentro do apartamento. CIGARRO e CADERNO se olham por uns segundos, enquanto o conflito entre policiais e estudantes toma contornos apoteóticos na rua, com pedras, fogo e sangue. CADERNO diz pra CIGARRO, "quem sabe não fazemos nossa poesia aqui em cima mesmo? a revolução deixamos pra quem já está na rua. a morte, como sempre, fica por conta da garrafa." "e o amor?" CIGARRO diz, já com um ensaio de sorriso estampado no rosto. "olha, é melhor já ir entrando, por que não é sempre que o amor fica tão bonito enrolado num lençol".
quarta-feira, 14 de abril de 2010
vivendo de tempo perdido
de hoje em diante não farei mais nada a não ser perder tempo. todos meus esforços serão voltados para a nobre atividade de ver a vida passar pela minha frente e não dar nem um tchauzinho. minha filosofia será a das amenidades e minha política a do deixa-estar. aceitarei de braços abertos os títulos de vagabundo, preguiçoso e chinelão que aos poucos já começam a me dar. não precisarei mais me importar com a lógica do pensamento marginal, a dialética do tédio e muito menos com o elitismo pseudo-europeu terceiromundista que me rodeia. só vou me sentar e deixar que os absurdos se desdobrem com a mesma naturalidade com que eu vi um "subversivo" criticar a bebedeira de um amigo no encontro menos subversivo que já participei na vida. por favor, não achem que estou sendo irônico ou por algum momento me levando a sério demais. os exemplos que estou usando aqui só servem como uma mera despedida para termos que sempre tive como queridos numa vida passada em que buscava achar algum sentido para o que quer que fosse. não se pode tentar esfacelar as totalidades, romper as estruturas ou mesmo experimentar a boa e velha subversão ft. chinelagem vivendo de um tempo que é experimentado por todos, ou seja, o tempo vivido do trabalho, da arte e da própria existência. a minha fuga do tempo vivido para o tempo perdido não é em si só um ato de subversão, muito pelo contrário. é apenas uma escolha arbitrária que estou revelando com muito alarde. não viso nenhum tipo de fruto a ser colhido que não seja uma insustentável leveza do meu próprio ser, a não ser que daqui uns dias decida redescobrir esse tempo, mas dai já é outra história. agora me ocupo apenas de viver de tempo perdido.
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Alívio na China.
A noite. Enfim começou o ano letivo. O aprendizado.
Deveríamos começar. Era o Adair ali. O bar fazia parte da quarta-feira de jogos de futebol. Mas eu me sentia como alguém nativo. Afinal, eu não ia só nas quartas. Queriam colocar um som e ajudei. Cena do Chaves com a descoberta de novas tecnologias, chegadas inesperadas para o concerto e para uma conversa sobre camisetas de alface. Bob Marley logo em seguida. Depois do jornal.
O bar poderia se tornar um aquece buteco foda. Umas discos com gente de fora, mas que sempre tá lá. Ou que nunca vai, e sempre tá lá. Todo mundo. E um vídeo poderia acontecer. Dei a idéia pro Adair. Ele náo entendeu bem. Notei na hora. Veio com um papo de que deveria falar com o Curirim antes. Isso que ele é o dono.
Mas ninguém entende o que não conhece. Sempre precisamos de um tempo para o entendimento.
Mais um ar. E foram dois ares.
E foi todo ar. No banheiro tem um jornal no chão com uma notícia do título “Alívio na China”. Era uma metáfora num grande jornal. As coisas parecem mudar, mas só parecem. O conservadorismo ainda está lá.
Li uma reportagem na Vice sobre um encontro sobre maconha. Lembrei da Marcha e do Fórum Social Mundial. Algo hiponga. Vai ver é a tendência.
Frases jogadas rechedas rasgadas usadas caídas regadas.
Deveríamos começar. Era o Adair ali. O bar fazia parte da quarta-feira de jogos de futebol. Mas eu me sentia como alguém nativo. Afinal, eu não ia só nas quartas. Queriam colocar um som e ajudei. Cena do Chaves com a descoberta de novas tecnologias, chegadas inesperadas para o concerto e para uma conversa sobre camisetas de alface. Bob Marley logo em seguida. Depois do jornal.
O bar poderia se tornar um aquece buteco foda. Umas discos com gente de fora, mas que sempre tá lá. Ou que nunca vai, e sempre tá lá. Todo mundo. E um vídeo poderia acontecer. Dei a idéia pro Adair. Ele náo entendeu bem. Notei na hora. Veio com um papo de que deveria falar com o Curirim antes. Isso que ele é o dono.
Mas ninguém entende o que não conhece. Sempre precisamos de um tempo para o entendimento.
Mais um ar. E foram dois ares.
E foi todo ar. No banheiro tem um jornal no chão com uma notícia do título “Alívio na China”. Era uma metáfora num grande jornal. As coisas parecem mudar, mas só parecem. O conservadorismo ainda está lá.
Li uma reportagem na Vice sobre um encontro sobre maconha. Lembrei da Marcha e do Fórum Social Mundial. Algo hiponga. Vai ver é a tendência.
Frases jogadas rechedas rasgadas usadas caídas regadas.
sábado, 20 de março de 2010
Grandes jornais vivem de pessoas "informadas".
Sede da RBS e da Pop Rock. Tive a interessante pop oportunidade de comparecer a esses lindos lugares. Era um dia de acompanhamentos, a entrevista não era eu quem daria. Uma bela, gentil e meiga intercambista é quem falaria de sua experiência nos programas.
Cheguei a ficar nervoso quando ela me contou sobre o convite. Achei que iam fazê-la falar o que não queria, sorrir quando não via necessidade, olhar para o lado que não achava o mais justo, fazer propaganda . Era o meu lado mais radical gritando e implorando que a desencorajasse a ir expor a sua vida.
Não fiz isso. Apesar de não concordar com a motivação do relato nos programas, que era divulgar uma feira de intercâmbio que acontece amanhã na capital, achei melhor que ela matasse sua curiosidade sobre radio e televisão, enquanto eu poderia dar uma olhada naqueles ambientes que me deixam desconfiado e deslumbrado ao mesmo tempo. Já virou um hábito procurar direcionamentos cerebrais e qualidades técnicas nos grandes exemplos da comunicação de massa.
Erramos o prédio quando fomos chegar para o Cafezinho do meio dia. O programa. Prontamente as pessoas que deviam trabalhar na Pop Rock e usufruíam de um cigarro de intervalo nos indicaram o caminho certo. Gente finíssima com sorrisos verdadeiros. E aqui começou a mudança do meu olhar. Chegamos ao andar certo e nada de instruções de comportamento. Falaram do assunto, pediram pra esperar, ligaram a caixa de som para que soubéssemos o que conversavam antes da entrada. Logo os entrevistados e a assessora do evento entraram, conversa sobre a experiência, propaganda da feira, telefone pra contato, promoção para viajar de graça e a mensagem “eu não tenho dinheiro pra estudar nem em pelotas e tão falando de ir pra outro país” lida no ar. Penso que o público do programa é vasto. Mas a propaganda é para todos. Fiz fotos de dentro do estúdio, não tem problema eu entrar, ninguém vê a minha cara ou a de quem fala ali.
Problemas até agora? Talvez. Aquilo é um negócio com seus lados positivos e negativos. O programa de entretenimento abarca propaganda e isso é feito abertamente, cabe ao público aceitar ou não, ver isso como propaganda ou informação. Não aceito, e por isso minha primeira audição do programa foi lá dentro do estúdio.
O programa de TV começava às 6 da tarde. Devíamos chegar às 5 e meia. Atraso, táxis inexistentes a essa hora e risadas nos fizeram chegar na RBS com 20 minutos de atraso. Eu era um acompanhante, então não podia ficar no estúdio, devia esperar na sala de recepção se não fosse muito incômodo. Tudo bem. Sentei e esperei. O primeiro quadro falava dos horóscopos de peixes e de Áries. O segundo... comecei a olhar os quadros que estavam à minha volta. O Sr. Sirotsky estava em muitos cômodos com sua postura “séria e isenta”. Quadros de prêmios não faltavam. Um prêmio ARI de jornalismo me chamou a atenção. Seria relacionado a Ary de Carvalho? Como um dos fundadores da Zero Hora, Ary adquiriu uma dívida e colocou suas ações do jornal como garantia. Atrasou o pagamento e o cara do quadro pagou o pequeno valor e ficou com as ações que lhe faltavam do jornal. Ary não queria vender o jornal, porque colocava nele suas visões sociais. Mas eu me enganei, o prêmio ARI era relacionado com a Associação Riograndense de Imprensa.
Os entrevistados foram reembolsados pelos gastos de transporte e voltaram para suas casas só fazendo o que quiseram e falando o que queriam. Aceitaram aquilo e eu não condeno, essa é o andar do mundo. As propagandas durante o entretenimento e o jornalismo já são corriqueiros. Os ouvintes, telespectadores, leitores, internautas são pessoas informadas. E conduzidas.
Cheguei a ficar nervoso quando ela me contou sobre o convite. Achei que iam fazê-la falar o que não queria, sorrir quando não via necessidade, olhar para o lado que não achava o mais justo, fazer propaganda . Era o meu lado mais radical gritando e implorando que a desencorajasse a ir expor a sua vida.
Não fiz isso. Apesar de não concordar com a motivação do relato nos programas, que era divulgar uma feira de intercâmbio que acontece amanhã na capital, achei melhor que ela matasse sua curiosidade sobre radio e televisão, enquanto eu poderia dar uma olhada naqueles ambientes que me deixam desconfiado e deslumbrado ao mesmo tempo. Já virou um hábito procurar direcionamentos cerebrais e qualidades técnicas nos grandes exemplos da comunicação de massa.
Erramos o prédio quando fomos chegar para o Cafezinho do meio dia. O programa. Prontamente as pessoas que deviam trabalhar na Pop Rock e usufruíam de um cigarro de intervalo nos indicaram o caminho certo. Gente finíssima com sorrisos verdadeiros. E aqui começou a mudança do meu olhar. Chegamos ao andar certo e nada de instruções de comportamento. Falaram do assunto, pediram pra esperar, ligaram a caixa de som para que soubéssemos o que conversavam antes da entrada. Logo os entrevistados e a assessora do evento entraram, conversa sobre a experiência, propaganda da feira, telefone pra contato, promoção para viajar de graça e a mensagem “eu não tenho dinheiro pra estudar nem em pelotas e tão falando de ir pra outro país” lida no ar. Penso que o público do programa é vasto. Mas a propaganda é para todos. Fiz fotos de dentro do estúdio, não tem problema eu entrar, ninguém vê a minha cara ou a de quem fala ali.
Problemas até agora? Talvez. Aquilo é um negócio com seus lados positivos e negativos. O programa de entretenimento abarca propaganda e isso é feito abertamente, cabe ao público aceitar ou não, ver isso como propaganda ou informação. Não aceito, e por isso minha primeira audição do programa foi lá dentro do estúdio.
O programa de TV começava às 6 da tarde. Devíamos chegar às 5 e meia. Atraso, táxis inexistentes a essa hora e risadas nos fizeram chegar na RBS com 20 minutos de atraso. Eu era um acompanhante, então não podia ficar no estúdio, devia esperar na sala de recepção se não fosse muito incômodo. Tudo bem. Sentei e esperei. O primeiro quadro falava dos horóscopos de peixes e de Áries. O segundo... comecei a olhar os quadros que estavam à minha volta. O Sr. Sirotsky estava em muitos cômodos com sua postura “séria e isenta”. Quadros de prêmios não faltavam. Um prêmio ARI de jornalismo me chamou a atenção. Seria relacionado a Ary de Carvalho? Como um dos fundadores da Zero Hora, Ary adquiriu uma dívida e colocou suas ações do jornal como garantia. Atrasou o pagamento e o cara do quadro pagou o pequeno valor e ficou com as ações que lhe faltavam do jornal. Ary não queria vender o jornal, porque colocava nele suas visões sociais. Mas eu me enganei, o prêmio ARI era relacionado com a Associação Riograndense de Imprensa.
Os entrevistados foram reembolsados pelos gastos de transporte e voltaram para suas casas só fazendo o que quiseram e falando o que queriam. Aceitaram aquilo e eu não condeno, essa é o andar do mundo. As propagandas durante o entretenimento e o jornalismo já são corriqueiros. Os ouvintes, telespectadores, leitores, internautas são pessoas informadas. E conduzidas.
quinta-feira, 18 de março de 2010
Pólo, política e um pessoal
Meus queridos, cá estamos nós amarelo-traficando novamente. As férias foram boas, mas a volta à capital, às tarefas e aos deveres novamente ressaltam o porquê do Amarelo existir. A merda não tira férias.
Pois bem nesse clima de volta à lavra é que me deparei com uma situação bem chateante. Estava eu no campus central da Universidade Federal e ia entrando no prédio da reitoria quando me foi perguntado o nome e o meu destino dentro do edifício. Cordialmente respondi mas fiquei surpreso com os questionamentos, completamente inusuais. Quando perguntei o que havia acontecido fiquei sabendo do enfrentamento da sexta feira, dia 5 de março acredito. O que me foi passado é que um pessoal descontente quis entrar no prédio a força e um outro pessoal pago pra ser descontente não deixou.
O pessoal descontente que queria entrar estava bravo por ter sido deixado de fora de uma discussão que implicaria alguma influência em suas vidas. O pessoal pago pra ser desconte havia sido pago por pessoas que participavam desta reunião (que acabou não acontecendo).
De um lado tem gente ferrenha querendo criar caso por pouca coisa. Do outro tem gente hipócrita fazendo besteira. Em pratos limpos - a manifestação da Assufrgs, com os estudantes (e que contava com mais um monte de gente nada-a-ver, tipo MST, Via Campesina e por aí vai) queria saber porque que a reunião que definiria o futuro da implementação do pólo tecnológico tinha sido feita nas férias, quando ninguém está por perto para poder discordar. O problema é que alguns exaltados exageraram e sujaram o nome do resto.
Acredito que um pólo tecnológico na UFRGS seria muito bom, e muitos estudantes se beneficiariam , isso é óbvio, mas se é algo para os estudantes porque manter por debaixo dos panos?
No final tudo vira politicagem. O pessoal da esquerda - dos manifestantes - quer ser radical para poder ganhar votos nas eleições que participarem. O pessoal da direita - do DCE - que deveria representar o corpo discente não está nem lá nem cá. O pessoal da administração está pouco se lixando para o porquê da manifestação e ninguém teve a brilhante idéia de SENTAR E FUCKING DISCUTIR QUE NEM GENTE! simples assim.
A política está tão enraizada nos movimentos estudantis que as pessoas nem se lembram mais que o partido ao qual a grande maioria pertence não é o PT, nem o PSTU, nem o PSOL, nem o PCO, nem o PP, nem o DEM. O partido ao qual todos os estudantes pertencem é o Partido dos Estudantes, que não defende nem a direita e nem a esquerda e sim seus membros, TODOS, sem exclusão.
Perdão pela extensão mas o assunto é longo mesmo. Obrigado aos que tiveram paciência.
Pois bem nesse clima de volta à lavra é que me deparei com uma situação bem chateante. Estava eu no campus central da Universidade Federal e ia entrando no prédio da reitoria quando me foi perguntado o nome e o meu destino dentro do edifício. Cordialmente respondi mas fiquei surpreso com os questionamentos, completamente inusuais. Quando perguntei o que havia acontecido fiquei sabendo do enfrentamento da sexta feira, dia 5 de março acredito. O que me foi passado é que um pessoal descontente quis entrar no prédio a força e um outro pessoal pago pra ser descontente não deixou.
O pessoal descontente que queria entrar estava bravo por ter sido deixado de fora de uma discussão que implicaria alguma influência em suas vidas. O pessoal pago pra ser desconte havia sido pago por pessoas que participavam desta reunião (que acabou não acontecendo).
De um lado tem gente ferrenha querendo criar caso por pouca coisa. Do outro tem gente hipócrita fazendo besteira. Em pratos limpos - a manifestação da Assufrgs, com os estudantes (e que contava com mais um monte de gente nada-a-ver, tipo MST, Via Campesina e por aí vai) queria saber porque que a reunião que definiria o futuro da implementação do pólo tecnológico tinha sido feita nas férias, quando ninguém está por perto para poder discordar. O problema é que alguns exaltados exageraram e sujaram o nome do resto.
Acredito que um pólo tecnológico na UFRGS seria muito bom, e muitos estudantes se beneficiariam , isso é óbvio, mas se é algo para os estudantes porque manter por debaixo dos panos?
No final tudo vira politicagem. O pessoal da esquerda - dos manifestantes - quer ser radical para poder ganhar votos nas eleições que participarem. O pessoal da direita - do DCE - que deveria representar o corpo discente não está nem lá nem cá. O pessoal da administração está pouco se lixando para o porquê da manifestação e ninguém teve a brilhante idéia de SENTAR E FUCKING DISCUTIR QUE NEM GENTE! simples assim.
A política está tão enraizada nos movimentos estudantis que as pessoas nem se lembram mais que o partido ao qual a grande maioria pertence não é o PT, nem o PSTU, nem o PSOL, nem o PCO, nem o PP, nem o DEM. O partido ao qual todos os estudantes pertencem é o Partido dos Estudantes, que não defende nem a direita e nem a esquerda e sim seus membros, TODOS, sem exclusão.
Perdão pela extensão mas o assunto é longo mesmo. Obrigado aos que tiveram paciência.
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Fórum Social Mundial. Quarta, legalização e economia solidária.
Nem sabia a programação do Acampamento Intercontinental da Juventude nessa quarta, mas parti pra lá do mesmo jeito. Viagem tranquila com ares de interior. A Lomba Grande ia se tornando mais agradável a cada quilômetro. E logo vi a placa colorida e de boa espiritualidade indicando o caminho do acampamento. Nessa parte do percurso, já se começa a ver os andarilhos no rumo de conhecimento, boas conversas, vibe incrível e música de qualidade.
Cheguei e fui procurando o que assistir. Percebi umas palmas numa das barracas e fui conferir o que acontecia. Era uma discussão aberta sobre a legalização da maconha. O tema reuniu muita gente e rendeu ótimos argumentos pra tornar realidade o que, aparentemente, todos ali queriam.
Saí da discussão pensando que a legalização depende de coragem, organização e conscientização. Apoio a marcha, é ela que vai mostrar a cara do maconheiro. Apoio a plantação caseira, mas não é de um dia pro outro que cada maconheiro vai conseguir tudo que quer só com sua plantinha em casa, o governo vai ter que dar um jeito pro tráfico não continuar existindo em uma possível legalização. E o maconheiro tem que se ligar que a legalização pode causar o uso de terra fértil para o plantio da erva.
Depois do papo sério, o pessoal todo saiu pra uma marcha no acampamento. Cantando, batucando, rindo. Pessoas que não estavam na discussão aderiram à caminhada e ao fumo. E nem sei como acabou... A fome.
Experimentei um salgadinho de gergelim muito bom. Recomendo para laricas. Procurei algo mais e comi numa tenda indiana. Não tinha caneca (até agora não paguei os 20 reais pra ganhar uma credencial, caneca, bolsa...), mas logo consegui uma linda caneca rosa pra me ajudar com o suco de melancia que acompanhava o... não lembro o nome, só lembro que era uma massa semelhante a de tacos mexicanos com vegetais apimentados dentro. Será que as culinárias indiana e mexicana tem parentesco? E viva a larica!
Uma meia hora depois, descobri que um tal de Paul Singer (que fiquei sabendo depois, é Secretário Nacional da Economia Solidária) iria falar. Fui prestigiar. Descobri que muitos países já estão praticando a economia solidária. Trocas, empréstimos, doações, trabalhos sociais, associaçoes, cooperativas... O entusiasmo deu umas batidinhas na minha cabeça. Existe gente fazendo algo diferente.
Na mesma discussão, um afiliado a uma cooperativa de tênis deu seu relato. Uns franceses descobriram a marca e resolveram ajudar. A cooperativa passou a fabricar os sapatos franceses e mandar para a França. Me lembrei um pouco do que a Nike faz pelo mundo. Me forço a acreditar que esses dois fatos não estão tão próximos como a minha mente desconfiada pensou hoje durente a tarde.
Mas quando eu acreditava que havia uma saída, Olivier Bonford (um cara que faz parte do Comitê de Cancelamento da Dívida do Terceiro Mundo) veio dar sua opinião na mesma questão. Só falou do capitalismo destruidor e tudo mais. Utópico.
Prefiro procurar saídas. E não trocas drásticas.
Vi os rituais que tomavam seguimento e a tenda de trocas solidárias e vim pra casa.
Belo dia. Quero fórum todos os anos.
Mais fotos em: http://www.flickr.com/photos/arruda_mario
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
Fórum Social Mundial. Terça, a Nação e as decepções.
Só tomei conhecimento da terça-feira pelas 2 e meia da tarde. Não consegui fazer muita coisa com a tarde. Olhei programações, demorei pra sair e acabei decidindo sair mais tarde para o show dos Mutantes e da Nãção Zumbi.
8 horas consegui chegar em Canoas depois de muitos desencontros ou esperas fraternais ou conjugais. Pra começar peguei uma cerveja escolhida pela quantidade do seu conteúdo, deixando a qualidade pra outro dia. Bebia tranquilo quando o cara que conversava com um amigo disse, depois de ouvir isso no celular, que os Mutantes estavam tocando. Porra. Achei que era piada, mas pra garantir tomei o rumo do Parque Eduardo Gomes. Cheguei e nada de som. Mesmo assim, algumas manipuláveis e vítimas da mesma falsa informação que eu havia recebido estavam meio histéricas falando que o show já tinha começado. Mas continuavam paradas na entrada sem mexer músculo nenhum em direção ao palco. Um clima de enganação pairava sobre mim.
Boatos rolaram que a revista estava sendo complicada. Decidimos fechar os baseados antes de entrar. Nunca foi tão complicado. Policiais por todo lugar. Nunca vi tantos juntos. Vinham de todos lugares a toda hora. Sirenes piscavam, carros passavam e eu já ficava nervoso com tudo aquilo. Fui pra ver um show e só via policiais.
Cheguei onde a revista acontecia e um segurança me chamou. "Deixa eu ver tua mochila". E foi apalpando ela. "Não adianta abrir, to sem luz". Agradeci e entrei para o show.
Enfim o palco. E alguma banda que eu não reconheci. Ainda bem. Nada de Mutantes ainda. Comi o resto do Spacecake e esperei a Nação entrar. E a espera foi bem recompensada. Um show do caralho! A percussão fazia o peito vibrar e os graves do baixo me faziam sentir meu peso aumentar e diminuir em pouco tempo. Jorge Du Peixe é um baita vocalista, sua voz forte e grave sem muita variação marca o clima indignado/revelador da banda e seus samplers me surpreenderam a cada aparecimento. De tempos em tempos, a guitarra de Lúcio Maia fazia eu esquecer do resto todo e me transportava para um clima mais elétrico e psicodélico.
E aí cheguei numa reflexão sobre o porquê dos shows vinculados ao Fórum Social Mundial. Foi quando parei de olhar para a banda e reparei nas pessoas. Gente de todos os tipos, de todas as classes sociais, de todas as cores. E a vibe do show tomava conta de todos. Era a socialização da cultura.
Após a Nação Zumbi, a euforia pelos Mutantes ficou maior ainda. Todos ali só esperavam eles. E sem demora, entraram. Mas logo vi que o verbo era "entrou". Não eram os Mutantes, era o Sérgio Dias com uma banda de apoio. O Dinho estava lá também, mas todos só olhavam para o centro do palco. Sérgio. Incrível saber que um dos criadores dos Mutantes estava ali tocando. Só a euforia saiu correndo do meu corpo sem muita demora. A substituta da Rita tinha uma expressão digna de apresentadora de programa infantil e o tecladista parecia que estava fazendo um show de bailão, assim como o baixista. O guitarrista multiuso era um misto de Dom Juan e cantor de pop. Ok, não gostei nada da banda, parecia que o clima de engação voltava ao assunto Mutantes. Mas o Sérgio é genial.
Depois da sequencia de músicas novas, um amigo decidiu ir embora. O show já tinha me desgastado, então decidi ir também. Uma carona com amigos é sempre confortável e agradável com conversas que queimam neurônios. Estávamos chegando em São Leopoldo e ele anunciou para os passageiros que iria passar no Mc Donalds. Sim, depois do fórum. Todos burros de fome. Todos quiseram.
"Ba, mas depois do fórum?"
Me rendi. Pedi o mais barato. Influenciado pelo dono do meio de transporte.
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Fórum Social Mundial. Segunda e o início.
4 da tarde e decidi sair de casa. Acertos me prendiam. Precisava abandonar as amarras da vida cotidiana.
Cheguei na Praça da Biblioteca de São Leopoldo e pouca coisa acontecia. Apenas o início, construção atrasada e últimos retoques. Consegui as informações, fiquei sabendo que não havia escapatória aos vinte reais e vi a primeira intervensão na cidade. Na estação de trem de São Leopoldo, uma exposição sobre a diatadura militar brasileira tomava alguns segundos dos que passavam. Enquanto isso, Éder vendia o dvd do filme que saiu no cinema semana passada e semana que vem. O passado parecia logo ali, no papel e na vida. Então parti para o acampamento de Lomba Grande.
8 e 25 cheguei ao Acampamento Intercontinental da Juventude. Gente de outros países, paz e uma baita vibe. Só cheguei e fui entrando, sem credencial, sem impedimentos. Aquela caminhada pra conhecer tudo. Show de rap no acampamento. Entrevista, comes, bebes, bandeiras de partidos. Tudo junto. E sem problemas.
Voltamos ao estacionamento pra buscar um baseado. O papel ja ia se transformar quando uma mulher veio em nossa direçao. Entrou no carro ao lado. Sentou. E mostrou a sua camiseta da Polícia Civil como sem querer. Gelei.
Ela ligou o carro e foi embora.
E o radialista hippie que apresentava as atrações continuava falando. Não parava nunca. Parecia imparável. Até que começaram os shows. Eduardo Francisco, vocalista dos Dionysios, Brilho da Lata, Big Hill, Viana Moog (e o sarcasmo do vocalista Cidade, contrastando com o lado hipponga do Fórum) e Sótão Blues.
Cachaça de 3 pila a garrafa acompanhou.
Carona de volta à realidade e vida virtual.
Amanhã tem outro dia de Fórum, Nação Zumbi e Mutante.
Mias fotos em: http://www.flickr.com/photos/arruda_mario
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Tele-visão.
Ócio.
Decidi apreciar todo o conteúdo oferecido pela minha humilde programação televisiva de 10 canais.
Zapeando.
Cheguei à Record. Quase 8 da noite e o Rio Grande Record.
Hoje uma agência bancária Citibank de Porto Alegre foi assaltada por cinco homens que eram de São Paulo.
O apresentador quase entrou em transe pra chamar a reportagem. A raiva e a indignação (do povo "transmitida àquele formador de opinião") eram tão explicitas que o porta-voz do programa que mostra a justiça do estado chegou a insinuar que o preso tinha que estar sofrendo como apareceu na imagem.
E aqui, vvieram as declarações que me motivaram ao texto.
"Aqui no Rio Grande do Sul, bandido é recebido a bala.
A polícia gaúcha não come mel, a polícia come abelha.
Aqui no Rio Grande do Sul não é como em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba... Aqui não tem moleza pra bandido."
Em proporção, Porto Alegre mata mais que São Paulo.
Record e Yeda? Record e sensacionalismo.
Viva a televisão. Ou viva a realidade.
Decidi apreciar todo o conteúdo oferecido pela minha humilde programação televisiva de 10 canais.
Zapeando.
Cheguei à Record. Quase 8 da noite e o Rio Grande Record.
Hoje uma agência bancária Citibank de Porto Alegre foi assaltada por cinco homens que eram de São Paulo.
O apresentador quase entrou em transe pra chamar a reportagem. A raiva e a indignação (do povo "transmitida àquele formador de opinião") eram tão explicitas que o porta-voz do programa que mostra a justiça do estado chegou a insinuar que o preso tinha que estar sofrendo como apareceu na imagem.
E aqui, vvieram as declarações que me motivaram ao texto.
"Aqui no Rio Grande do Sul, bandido é recebido a bala.
A polícia gaúcha não come mel, a polícia come abelha.
Aqui no Rio Grande do Sul não é como em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba... Aqui não tem moleza pra bandido."
Em proporção, Porto Alegre mata mais que São Paulo.
Record e Yeda? Record e sensacionalismo.
Viva a televisão. Ou viva a realidade.
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
Aleatório. Férias. Reticências.
Férias.
Falta a crítica. Alienação. Meu pai sempre comenta. "Fica alienado. Só quer saber de rock. Só barulho, só a mesma coisa sempre. Não se informa".
Assito ao jornal depois do meio dia. Me informo das tragédias. Fico sabendo das pontes caídas. Fico sabendo dos assassinatos. Fico sabendo da melhor forma de passar o verão em alguma praia cheia de belezas naturais ou mesas na areia com coqueiros fazendo sombra pras pessoas que comem a culinária local.
E vejo o que de verdade? Vejo o que fora da tela?
As fotos são de praias.
Os posts diminuem.
As pessoas estão mais tranquilas.
E se eu escrever que odeio as férias?
Gosto do ano útil. Masoquismo intelectual, virtual, muscular, cutâneo.
Quero viajar. Quero ver as pequenas cidades. Ver as pessoas no seu habitat.
Mas e o financiamento pra isso?
Agora vem o comentário de que isso tudo é revolta.
Ser contra a realidade sempre é visto com maus olhos.
Mas ficaremos bem. As férias estão aí.
Espaços. Incompreensão. Shuffle.
Pelo menos sobra mais tempo por Velvet Underground.
Run, Run, Run.
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